Nascido em setembro de 2019, o primeiro filho de um casal de Angra do Heroísmo foi sinalizado com atrofia muscular espinal no hospital do Espírito Santo, na ilha Terceira. Sem capacidade para o tratamento desta doença, a criança foi encaminhada já no ano seguinte para o Santa Maria, em Lisboa, onde eram seguidas também, na mesma altura, as duas gémeas luso-brasileiras.
De acordo com documentos do hospital, a que a SIC teve acesso, os pedidos de utilização excecional do medicamento para as 3 crianças foram autorizados pelo Infarmed a 2 e 3 de março de 2020.
No mesmo documento, enviado ao chefe de gabinete da secretária de Estado da Saúde, o Centro Hospitalar Lisboa Norte informava que as 3 crianças tinham sido consideradas elegíveis para integrarem um programa da farmacêutica fabricante do Zolgensma para receberem sem custos o medicamento, mas que, até à data, nenhum dos doentes tinha sido selecionado.
Por essa razão, a 14 de maio de 2020, o conselho de administração do Santa Maria deliberou aprovar o início do processo de aquisição do produto para as 3 crianças a seu cargo, com a justificação de que preenchiam os critérios clínicos para a administração.
Quanto às gémeas nenhuma dúvida existe de que, logo no mês seguinte, em junho de 2020 estavam a tomar o medicamento. Mas, em relação à criança açoriana, não há nenhuma informação sobre se efetivamente recebeu ou não o tratamento dos 2 milhões de euros.
Questionado pela SIC, o hospital Santa Maria recusou responder alegando que não dará detalhes sobre o caso enquanto decorrer a auditoria interna e outros inquéritos externos em curso.