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Caso das gémeas: Marcelo devia ter falado mais cedo?

"Alguém no Ministério da Saúde foi mais papista que o Papa e resolveu meter cunhas para o processo andar mais rápido?", esta é uma das questões levantadas por Paulo Baldaia na análise ao caso das gémeas luso-brasileiras e às declarações proferidas por Marcelo esta segunda-feira.

SIC Notícias

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu esta segunda-feira que há quatro anos recebeu um email do seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, sobre o caso das gémeas luso-brasileiros tratadas no Hospital de Santa Maria. Após essa mensagem, da qual garante que não tinha memória, desencadeou-se uma troca de emails entre a Casa Civil da Presidência da República, o filho de Marcelo e a unidade hospitalar. O Presidente negou, porém, que a intervenção da Casa Civil da Presidência da República tivesse acelerado o tratamento, realçando que o Hospital de Santa Maria sempre marcou uma "posição clara" de que a prioridade era para doentes residentes em Portugal. O comentado da SIC, Paulo Baldaia, analisa este caso e as declarações de Marcelo esta segunda-feira.

"O Presidente da República foi imprudente ao tratar do caso que lhe chegou através do seu filho, considerando que o filho é como outro cidadão qualquer, e é na verdade perante a lei, mas para o Presidente da República e politicamente isso fragiliza o Presidente da República pelo resultado que este caso veio a ter", começa por referir.

Paulo Baldaia considera que há dois aspetos fundamentais que é preciso esclarecer:

O primeiro é "saber se o tempo em que foi concedida cidadania às duas crianças foi ou não demasiado rápido, ou seja, se ultrapassou as regras que são aplicadas a todas as pessoas".

O segundo é se "do ponto de vista médico no hospital, se o caso teve ou não teve o seguimento que é normal, houve uma consulta, é normalíssimo que haja uma consulta, mesmo pessoas que estejam a viver no estrangeiro, que tenham acesso a uma consulta e que venham de propósito com a consulta já marcada, é a coisa mais normal do mundo. Mas o processo foi ou não foi normal?"

Sobre se Marcelo Rebelo de Sousa demorou muito a prestar estas declarações, o comentador da SIC considera: "o Presidente foi pró ativo, recuperou toda a informação, demorou um mês, para já achamos todos que é muito tempo, mas é possível que tenha havido dificuldades em encontrar toda a informação ou querer passar tudo a limpo para não ficar nada perdido pelo meio, porque depois seria mais complicado".


Para Paulo Baldaia, o Presidente foi esclarecedor, mas "o problema é que a fita do tempo não termina ali".

"Na intervenção do Presidente da República, há mais responsabilidade, mesmo em Belém, ou seja, o que o Presidente da República fez, nós já percebemos todos o que ele fez. A questão é, a sua assessora e o chefe da casa civil, depois daquilo que o Presidente da República contou, tiveram mais alguma conversa com o filho do Presidente?"

O comentador da SIC levanta ainda outras questões:

“O próprio filho do Presidente teve contactos com o Ministério da Saúde ou com o hospital? E se houve contactos com o Ministério da Saúde, o que é que o Ministério da Saúde fez, mesmo que não tenha havido contactos por parte do filho e apenas a informação que o Presidente da República deu a conhecer ontem?”


Lembrando o caso do avião da TAP, Paulo Baldaia pergunta ainda: "Alguém no Ministério da Saúde foi mais papista que o Papa e resolveu meter cunhas para o processo andar mais rápido?"

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