O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público entende que a demissão de António Costa foi uma decisão política e, para além disso, que as entidades judiciais têm de lidar com as pressões externas durante investigações.
O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público disse, em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, que a Justiça deve ser capaz de resistir a pressões vindas de responsáveis políticos. Adão Carvalho afirmou que é necessário manter a serenidade.
“No Ministério Público já temos que estar habituados, porque isso já não é a primeira vez , sempre que estão em causa pessoas com alguma visibilidade ao nível do poder político, do poder económico. O MP tem que saber, dentro daquilo que é a sua função, manter a serenidade necessária para desenvolver o seu trabalho”, expressou o presidente do sindicato.
“Decisão pessoal”
Adão Carvalho reforçou também que o Ministério Público não pode ser responsabilizado pela saída do primeiro-ministro.
“Não revela o comunicado qualquer juízo de de culpabilidade de que existe prova, no sentido de que o primeiro-ministro partilhou este ou aquele facto, usar aquele parágrafo como fundamento para se demitir é algo que... eu não sou comentador político portanto, acho que é algo subjetivo, pessoal”, disse.
De acordo com Adão Carvalho, foi todo um conjunto de circunstâncias que António Costa teve que avaliar, sendo a demissão “uma decisão eminentemente política”. Por isso nega qualquer responsabilidade judicial, tendo em conta que não é provocada pelo sistema judicial.
Após um comunicado da Procuradoria Geral da República, onde o primeiro-ministro estava referido no âmbito de uma investigação, António Costa apresentou a sua demissão a Marcelo que aceitou - sendo esta apenas oficializada em dezembro.
Depois, foram alguns dias de especulações e incongruências apontadas ao Ministério Público sobre a Operação Influencer, que acabou com os detidos em liberdade.