O primeiro-ministro não resistiu às suspeitas de um processo que diz “nunca” ter ouvido falar. Cinco pessoas - incluindo o chefe de gabinete de Costa e o seu melhor amigo - foram esta terça-feira detidas. No entanto, a investigação que envolve o chefe de Governo pode ter um fim precoce e sem consequências.
O advogado Tiago Melo Alves aponta uma hipótese que considera provável: Costa não ser constituído arguido e o caso ser arquivado antes das eleições antecipadas.
“Este processo já está a correr autonomamente no Supremo Tribunal de Justiça. Os factos estão bastante circunscritos e temos um visado que é primeiro-ministro. Este inquérito vai ser rápido. Os indícios são tão fracos, tão frágeis, que ele pode nem ser constituído arguido”, afirma Tiago Melo Alves, alegando que o processo pode acabar arquivado antes das eleições.
O comentador da SIC Sebastião Bugalho diz que, possivelmente, António Costa “tinha a perfeita a noção da fragilidade do caso que tinham contra ele”, antes de pedir demissão.
Costa diz-se “surpreendido”
António Costa falou ao país confirmando que apresentou a sua demissão ao Presidente da República, como a SIC deu em primeira mão.
“Dediquei-me de alma e coração a servir o país" e “estava disposto a cumprir o mandato que os portugueses me confiaram”, mas “fui hoje surpreendido com a informação da Procuradoria-Geral da República de que já foi ou irá ser instaurado um processo crime contra mim”, vincou António Costa, garantindo estar "disponível para colaborar com a justiça para apurar toda a verdade”.
Dirigindo-se “olhos nos olhos aos portugueses posso dizer que não me pesa na consciência a prática de qualquer ato ilícito ou censurado. Como sempre confio totalmente na justiça e no seu funcionamento. A justiça que servi ao longo de toda a minha vida e cuja independência sempre defendi”.
Neste sentido, prosseguiu, “obviamente apresentei a minha demissão ao senhor Presidente da República”.