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OE2024: "Aquilo que vimos não foi mais do que um triste espetáculo", diz Bugalho

Em análise sobre o Orçamento de Estado 2024 (OE2024), o comentador Sebastião Bugalho e o jornalista Bernardo Ferrão escrutinaram o primeiro de dois dias de debate na generalidade discutido em Assembleia da República, esta segunda-feira.

Bernardo Ferrão

Sebastião Bugalho

Daniela Tomé

Neste debate, que arrancou com a aprovação da proposta garantida pelo PS, ambos os comentadores defendem que foi um debate “que merecia uma melhor defesa”, e que “não reflete o atual estado do país”.

Orçamento de Estado 2024

Aquilo que vimos na Assembleia não foi mais do que um triste espetáculo", defendeu Sebastião Bugalho.

“Em democracia, podemos discordar dos outros, mas não dizemos que eles são contra o povo. Isto é um tique autocrático que costumamos ver na direita ortodoxa da Polónia e da Hungria, não num partido fundador da democracia portuguesa”, explicou.


Também para Bernardo Ferrão, este “É um debate que não reflete o atual estado do país”.

“Daqui a dois dias entramos no tal novembro que passará a ser dramático no Serviço Nacional de Saúde [SNS], segundo o seu CEO. Portanto, ter um primeiro-ministro (PM) que se dedica a falar de Pedro Passos Coelho e a desmontar a lógica fiscal na aposta que o PSD tinha no IRC e que depois passou para o IRS, de facto é algo que não reflete e não mostra preocupação do PM, sobretudo neste governo que se dizia ‘o grande protetor do Estado social' ”, acrescenta Bernardo Ferrão.

Discussão sobre a TAP

Para Bernardo Ferrão, e na sequência da questão levantada pelo PCP, “A resposta do primeiro-ministro sobre TAP não faz muito sentido. Dizer que o preço é a menor da preocupações é quase ofensivo para os portugueses", tendo em conta os três mil milhões de euros dos contribuintes que já foram injetados na companhia aérea.

“Esta guerra teria sido bem resolvida se não houvesse problema entre o Presidente da República e o primeiro-ministro. Estas coisas resolvem-se entre gabinetes”, afirmou o jornalista.

Questões da oposição

Bernardo Ferrão acrescentou que “o PSD tocou num ponto importante. Há de facto uma carga fiscal com este Governo, contrariando muitas das promessas que foram feitas, mas depois não executa”.

“O PSD tem aqui um drama […] Eu acho que o PSD tem essas questões, mas o PS criou aqui uma clientela subsídio-dependente, porque os tempos de facto são difíceis, por isso o ambiente não é fácil para que o PSD consiga afirmar-se. Embora o PSD fale delas [questões fundamentais], não está a conseguir debatê-las”, acrescenta.

Para Sebastião Bugalho, “Não podemos culpar a oposição de hesitar em escolher qual dos impasses é que ataca, porque há impasse nos professores, há impasse no SNS, há impasse na TAP, portanto percebo que a oposição não consiga escolher qual ‘o prato principal’".

“Como o Governo se viciou em atirar dinheiro para cima do SNS, até perceber finalmente que tem que o reformar, agora vamos ficar todos sentados à espera que a reforma surta efeito e continuar a engordar essa despesa fixa até ela ser insustentável. Mas, os efeitos mais graves deste efeito não ficarão para António Costa; ficarão para quem vier a seguir, seja ele do PS ou do PSD”, concluiu Sebastião Bugalho.

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