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Bobi tinha mesmo 31 anos? Dúvidas de veterinários levam Guiness a investigar

O Guiness World Records admite estar a investigar a idade do rafeiro alentejano Bobi, que foi distinguido como o cão mais velho do mundo. Os veterinários afirmam que um cão chegar aos 31 anos equivale a um humano viver mais de 200 anos e pedem provas.

Jorge Jeronimo

Filipa Traqueia

A real idade do cão Bobi, que detém o recorde de cão mais velho do mundo, está a ser investigada pelo Guiness World Records. A comunidade veterinária tem levantado dúvidas sobre a longevidade do rafeiro alentejano que morreu, no passado dia 21 de outubro, com 31 anos.

Danny Chambers, veterinário no Colégio Real de Médicos Cirurgiões, no Reino Unido, afirma que “nem um único colega veterinário acredita que o Bobi tenha realmente 31 anos”.

“Isto é o equivalente a um homem viver mais de 200 anos o que, com as nossas capacidades médicas atuais, é completamente implausível”, afirma, citado pelo jornal britânico The Guardian. “Alegações extraordinárias requerem evidência extraordinárias e nenhuma evidência concreta foi providenciada para provar a sua idade”.

O veterinário sublinha que o Guiness World Records terá de “publicar provas irrefutáveis”, se quer “manter a credibilidade e autoridade” aos olhos da comunidade veterinária.

O Guiness World Records avança que está a investigar as suspeitas. Em declarações ao The Guardian, o porta-voz da organização admite “estar a par das questões em torno da idade de Bobi” e afirma que “estão a investigá-las.

Além das questões levantadas pelos veterinários, também nas redes sociais há quem duvide que o rafeiro alentejano tenha, realmente, chegado aos 31 anos. E a dúvida está nas patas: está a ser partilhadas fotografias, tiradas em 1999, onde Bobi aparenta ter as patas de cor diferente das do animal que surge nas fotos mais recentes.

Os veterinários lembram que a idade exata dos cães pode não ser precisa nos registos clínicos, uma vez que esta se baseia na afirmação dos donos - no caso dos animais que mudam de casa, a informação pode ser ainda mais deturpada. Destacam também que alguns pais substituem os animais após a morte, para evitar o luto dos filhos.

Andrew Knight, professor emérito de veterinária, reconhece que “tem havido outros cães muito velhos” e sugere que Bobi seja comparado com os outros animais idosos para se perceber o rafeiro alentejano é diferente. Pede também evidências fortes para verificar a idade dos cães.

Aos 30 anos, Bobi retirou o recorde do Guiness a Spike, um chiuaua norte-americano que morreu em 2022 com 23 anos e sete dias. Ultrapassou também o recorde do cão que viveu mais anos de sempre: o australiano Bluey, que morreu em 1939, com 29 anos e cinco meses.

Os donos de Bobi garantem que o animal tinha bons genes e que os familiares também viveram além do esperado. Leonel Costa conta que tinha oito anos quando resgatou o rafeiro alentejano de ser abatido, tendo guardado o animal em segredo até ser descoberto pelos pais.

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