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Santa Casa de Lisboa: buraco de 27 milhões no orçamento levou ao cancelamento de projeto no Brasil

A instituição quis implementar um modelo de negócio dos jogos e lotarias para fora de Portugal. As dúvidas sobre a forma como o dinheiro terá sido aplicado levaram a provedora Ana Jorge a travar o investimento.

Conceição Lino

Ana Lúcia Martins

Um buraco de 27 milhões de euros no orçamento levou a atual provedora Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a cancelar o projeto de exploração de jogo e lotaria no Brasil.

A Santa Casa quis aumentar as receitas com a internacionalização mas, até agora, não há sinal de lucro. O impacto da pandemia e a concorrência das apostas online foram as justificações da instituição para a crise que se instalou em 2020, com prejuízos que chegaram perto dos 53 milhões de euros.

Uma das estratégias para fazer entrar dinheiro foi levar o modelo de negócio dos jogos e lotarias para fora de Portugal. Para gerir eventuais parcerias no estrangeiro foi criada a empresa Santa Casa Global, que já opera no Peru, Moçambique e Brasil. As dúvidas sobre a forma como o dinheiro terá sido aplicado no Brasil levaram a provedora Ana Jorge, no cargo desde maio deste ano, a travar o investimento.

Em setembro de 2020, o Supremo Tribunal Federal decidiu que cada estado brasileiro poderia passar a explorar jogos e lotarias, à semelhança do que já acontecia no estado do Rio de Janeiro. Em Brasília, a licença ficou nas mãos do banco público.

O Banco de Brasília decidiu avançar com uma parceria com privados. Seis empresas lutaram pelo negócio e a Santa Casa apresentou o projeto vencedor, elaborado em conjunto com a empresa MCE Intermediações e Negócios. A história da instituição portuguesa terá pesado na decisão

O presidente do Banco de Brasília via nesta aliança a possibilidade de duplicar as receitas dos jogos no estado. Mas as autorizações não chegaram. A Justiça decidiu suspender as negociações por violação da lei em vigor, que determina que a exploração dos jogos deveria ser feita, em exclusivo, pelo banco público.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ficou por isso de fora quando a legislação específica no estado de Brasília ainda estava a ser elaborada.

À SIC, o Banco de Brasília avança que se encontra numa fase de negociação com a Santa Casa para encontrar uma solução.

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