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A entrevista a Carlos Moedas

O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa esteve em entrevista na Edição da Noite da SIC Notícias e comentou o programa do Orçamento do Estado para 2024, a agitação no PSD, a questão do novo aeroporto, o problema da habitação e ainda as contas da Jornada Mundial da Juventude.

Rafael Carvalho Ferreira

Numa entrevista conduzida por Ana Patrícia Carvalho, Carlos Moedas abordou a apresentação do Orçamento do Estado para o próximo ano, apelidando-o de ter “pouca ambição”.

“Este Orçamento de Estado é mais um orçamento que não traz esperança para os portugueses. O crescimento não está neste programa, o Governo faz um orçamento mas o país não cresce. Os portugueses sentem um cansaço enorme de um país que não cresce. 1,5%? O aumento da carga fiscal? Nós não temos crescimento e vamos ter mais impostos. É um orçamento com pouca ambição”, começou por dizer.

Disponível para ajudar o PSD depois das Europeias?

Confrontado sobre a agitação no PSD e sobre uma eventual corrida à presidência do partido, caso Montenegro saia derrotado na eleições europeias, Moedas insistiu que o seu futuro é Lisboa e que não pensa para já numa candidatura à liderança dos sociais-democratas.

"Nunca pensei o que ia ser no futuro. O meu futuro é sempre o presente, e o meu presente é a Câmara Municipal de Lisboa. O que fui na vida nunca sonhei e imaginei. Montenegro é o líder do PSD. As pessoas estão muito cansadas, e Montenegro é a alternativa da mudança deste país, é nele que as pessoas vão votar", atirou.

"O PSD não vai precisar de mim porque vai ganhar as eleições. Volto a dizer 'o meu futuro é o meu presente'. É estar em Lisboa a resolver o problemas dos lisboetas. Vou ser o presidente de Lisboa a 100%", explicou.

"Eu sobre as sondagens não não tenho muito a acrescentar. Estava a 20% atrás daquele que era o Presidente da Câmara da altura, estive sempre atrás e consegui vencer a eleições. Hoje em dia as sondagens não têm grande valor sobretudo nesta distância para as eleições. No meu caso, elas não tiveram impacto durante as eleições, quando me davam sempre como perdedor", acrescentou.

Extrema-esquerda conivente com o terrorismo

Com o conflito entre Israel e a Palestina na ordem do dia, o atual autarca de Lisboa mostrou-se preocupado com a possível ascensão de uma extrema-esquerda em Portugal, que apoia instituições terroristas que praticam atos desumanos.

"Nós historicamente já tivemos uma extrema-direita racista, e neste momento estamos a viver um ponto na história em que começamos a ter uma extrema-esquerda racista. Isto acontece durante um conflito entre Israel e Palestina, onde partidos de esquerda defende instituições terroristas que decapitam bebés e violam mulheres, e nós vemos uma extrema-esquerda conivente com este tipo de terrorismo. Isto é grave para o nosso futuro", atirou Moedas, referindo-se diretamente ao Partido Comunista e Bloco de Esquerda.

Vendas Novas ou Alcochete: as alternativas para o novo aeroporto

Sobre a possibilidade de o novo aeroporto ser construído em Vendas Novas, Carlos Moedas revelou que ainda não estudou o projeto que poderá deslocar a construção para a região alentejana, mas garantiu que exigiu que a nova infraestrutura sejam localizada perto da capital portuguesa.

“Quero que o novo aeroporto seja na região de Lisboa, com um hub aqui. Vendas Novas ou Alcochete? Não posso me posicionar sem ter estudado os projetos. Mas acho calamitoso que não sejam feitas obras no Aeroporto da Portela”, apontou.

Quais as soluções para resolver a escassa oferta de habitação em Lisboa?

Em relação ao problema da habitação em Lisboa, Moedas confidenciou que estão a ser tomadas novas medidas para resolver esta adversidade, atirando críticas ao anterior executivo camarário.

"O problema da habitação só se resolve fazendo. E fazendo é ser pragmático. Assinei 560 milhões de euros em contratos de habitação, mais do dobro do que no mandato de Fernando Medina. Fiz aquilo que nunca foi feito, que foi olhar para os bairros abandonados. Apoiamos a renda em Lisboa, já ajudámos 800 famílias a pagar a renda. Admito duplicar esta medida para 2024", completou.


O orgulho na melhor Jornada Mundial da Juventude do Papa Francisco

Questionado se houve uma “derrapagem” nas contas para a realização da Jornada Mundial da Juventude, Carlos Moedas negou qualquer deslize no orçamento para o evento que trouxe milhões de peregrinos de todo o mundo com a vinda do Papa Francisco a Lisboa. Moedas mostrou-se ainda orgulhoso pelas palavras de Francisco, quando disse que Lisboa organizou a melhor Jornada Mundial da Juventude desde que lidera a Igreja Católica.

“Esta quinta-feira vamos apresentar as contas da Jornada Mundial da Juventude. Gastámos 34 milhões de euros, menos do que o teto salarial estipulava nos 35 milhões. Devemos ficar orgulhoso pelas palavras do Papa Francisco, quando diz que esta foi a melhor Jornada Mundial da Juventude alguma vez realizada”, concluiu.



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