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Tráfico de senhas à porta de Loja do Cidadão: "Tornou-se um mercado"

Dezenas de pessoas têm dormido à porta da Loja do Cidadão do Saldanha, para tentar evitar horas na fila e conseguirem ser atendidas. Um problema para muitos, uma forma de aproveitamento para outros.

Marta Sobral

Para ser uma das primeiras da fila, Lígia Silvestre teve de vir quase 12 horas antes da Loja do Cidadão do Saldanha, em Lisboa, abrir. As pessoas chegam o mais cedo possível para tentarem ter uma senha.

Da noite anterior até à madrugada desta quinta-feira, a fila foi ficando cada vez maior.

“Sempre que preciso de alguma coisa do IMT, fico nesta fila até às tantas da manhã. É pena só haver um único sítio para tratar destas coisas”, conta Lígia.

Alem do Instituto de Mobilidade e dos Transportes, a Loja do Cidadão do Saldanha tem ainda outros serviços como Finanças, Segurança Social ou Registos e Notariado.

As pessoas queixam-se do tempo de espera para serem atendidos e há quem tenha de vir mais do que uma vez.

“Senhas de 10, 20, 50 euros”

Um problema para quem tem assuntos para tratar, mas uma forma de aproveitamento para outros

"Há senhas clandestinas. A 50 euros, a 20 euros, 10 euros. Tornou-se um mercado. Fui abordada por cinco (pessoas)", revela uma cidadã que não se quis identificar, apenas relatou o caso, que não é único nem de agora.

A Câmara Municipal de Lisboa disse que as situações ilícitas são denunciadas às entidades competentes. Garante ainda que apesar de não ter responsabilidade no número de senhas que são disponibilizadas diariamente, nem dos recursos humanos existentes, está a trabalhar em conjunto com a Agência para a Modernização Administrativa, entidade responsável para que possam ser realizados mais atendimentos e atenuadas as filas na abertura da loja.

A SIC também pediu esclarecimentos à Agência para a Modernização Administrativa, mas, até ao momento, não obteve resposta.

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