País

Por um deputado se ganha, por um se perde: PSD e CDS falham maioria absoluta. E agora?

Os resultados das eleições na Madeira deram 23 deputados à coligação PSD/CDS. Faltou um para a maioria absoluta. Da noite eleitoral fica assim uma incerteza: qual o partido que irá abrir a porta à negociação. E uma certeza: o Chega está de fora.

PAULO NOVAIS

Sandra Varandas

E agora o que se segue? O representante da República, cargo ocupado por Ireneu Barreto, vai convidar uma força política a formar governo, depois de ouvir os partidos com assento parlamentar.

Ireneu Barreto disse à agência Lusa que tenciona ouvir os partidos entre quarta e quinta-feira, antes de convidar o líder do PSD/Madeira a formar governo.

A Iniciativa Liberal já disse que está disponível para conversar. A mesma abertura ao diálogo foi admitida pelo Pessoas-Animais-Natureza (PAN).

Vitória com sabor amargo

A coligação PSD/CDS-PP venceu as eleições, mas falhou por um deputado a maioria absoluta.

Os sociais-democratas e os centristas obtiveram 43,13% dos votos e 23 lugares no parlamento regional, constituído por um total de 47 deputados.

A segunda força política mais votada foi o Partido Socialista, com 21,30%, e 11 mandatos. O JPP conseguiu 11,03% e cinco mandatos.

Chega e IL estreiam-se no Parlamento

A quarta força política foi o Chega, que conseguiu 8,88%. O partido vai estrear-se no hemiciclo com quatro deputados. Em quinto lugar ficou a CDU (PCP/PEV), com 2,72%, o que lhe permitiu manter o deputado que tinha.

Seguem-se três partidos que conseguiram um deputado cada um: a Iniciativa Liberal, que também vai estrear-se no hemiciclo (2,63%), o PAN (2,25%), e o Bloco de Esquerda, com (2,24%).

Sem eleger deputados ficaram o PTP (1,01%), o Livre (0,63%), o RIR (0,54%), o MPT (0,51%) e a ADN (0,46%).

Parlamento passa a ter nove partidos

Além do PSD e do CDS-PP, mantêm-se no parlamento o PS, que passou de 19 para 11 deputados, o JPP, que aumentou a bancada de três para cinco elementos, e o PCP, representado novamente por um deputado (eleito pela coligação com o PEV, a CDU).

Vão ainda sentar-se na assembleia dois estreantes: o Chega (quatro deputados) e a Iniciativa Liberal (um), bem como o PAN e o BE, que elegeram um mandato cada.

Albuquerque afinal não se demitiu

Durante a campanha eleitoral, o líder do PSD/Madeira e do Governo Regional afirmou que se recusaria a governar sem uma maioria absoluta, mas no discurso da vitória garantiu que conseguirá formar nos próximos dias um governo com estabilidade, sem adiantar com que partidos vai negociar.

Miguel Albuquerque deixou claro que dessa coligação "está excluído o Chega".

Onde anda o Dr. António Costa?

Luís Montenegro considera que a noite foi de “alegria” e “vitória” e aproveitou para perguntar pelo secretário-geral do Partido Socialista.

“Eu não sou daqueles que se esconde nos momentos menos bons. Eu estou aqui e aqui estaria tivéssemos nós ganho ou perdido”, apontou, em forma provocativa.

O presidente do PSD garantiu ainda que “não haverá nenhuma solução governativa na Madeira que tenha a contribuição do Chega”.

Ainda antes do discurso de Miguel Albuquerque, algumas forças políticas pediram a sua demissão. Entre essas vozes esteve a de Sérgio Gonçalves, que assumiu o mau resultado do Partido Socialista, mas não se demitiu.

Também André Ventura defendeu a saída de Miguel Albuquerque.

46,66% de abstenção

A taxa de abstenção foi de 46,66%, retomando a tendência de subida que se tinha verificado em todas as eleições para a Assembleia Legislativa da região autónoma desde 1984.


Em 2019, a abstenção tinha sido de 44,5% e em 2015 de 50,42%, batendo-se nesse ano o recorde desde 1976, quando se realizaram as primeiras eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira.

Últimas