A Federação Nacional dos Professores (FENPROP) admite que este possa ser "um dos anos mais problemáticos" nas escolas.
Mário Nogueira aponta baterias ao ministro da Educação que, pela primeira vez, reconhece o problema da falta de professores, agravada pelas novas regras da aposentação nas escolas.
"O problema principal e o ano letivo começa mal - talvez um dos mais problemáticos dos últimos anos - é a falta de professores. Tenderá a agravar-se", afirma.
A FENPROF estima que haja 92 mil alunos sem todos os professores atribuídos, uma "situação que se irá agravar" nas próximas semanas com o aumento de aposentações e eventuais atestados médicos.
O líder da FENPROF, Mário Nogueira, falava durante uma conferência de imprensa, em Lisboa, para fazer um balanço do início do ano letivo.
"Neste momento, calculamos que mais de 92 mil alunos não tenham um ou mais professores", disse Mário Nogueira, sublinhando que "a situação se vai agravar até ao final do ano".
Um dos motivos são as aposentações até 31 de dezembro que, segundo estimativas da Fenprof, significam que mais 3.500 docentes com turmas atribuídas neste momento irão deixar de dar aulas até ao final do ano e muitos outros professores que "agora vão entrar em situação de atestado médico".
FNE denuncia menos alunos e professores
Já a Federação Nacional da Educação (FNE) alertou para a diminuição de alunos, professores e da qualidade do Ensino Português no Estrangeiro (EPE), apelando à inversão desta trajetória e à valorização deste ensino e dos seus profissionais.
Em comunicado, a FNE indica que a publicação da rede de cursos do EPE confirma "uma progressiva redução de docentes, menos sete no ano letivo passado e menos cinco neste ano que agora se inicia"
"Estes números podem parecer insignificantes, mas no caso do EPE não o são, por ser um sistema que desde 2010/2011 tem vindo a ser alvo de um estrangulamento progressivo por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros/Instituto Camões", observa a Federação.
E acrescenta que, nos vários países da Europa, "apenas há cerca de 280 professores com horário completo".
Início de ano letivo marcado por greves
Os professores e trabalhadores das escolas iniciam uma semana de greve, convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P), pela recuperação do tempo de serviço e contra o que dizem ser várias injustiças no setor.
Após os primeiros dias de arranque do ano letivo, cerca de 1,3 milhões de alunos começam esta segunda-feira a primeira semana de aulas, mas alguns poderão encontrar os portões da escola fechados devido à greve de professores e funcionários.
A paralisação, que se vai prolongar até sexta-feira, foi convocada pelo S.TO.P e é a primeira greve com impacto nas atividades letivas do ano 2023/2024, durante o qual os profissionais prometem manter a contestação do ano passado até verem as suas reivindicações respondidas.