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Greve: Adiado acórdão do processo das agressões no exterior de discoteca em Fafe

Falta de funcionários judiciais obrigou ao adiamento da sessão por parte do coletivo de juízes. Agressões aconteceram na madrugada de 29 de maio de 2022.

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SIC Notícias

Lusa

A greve dos funcionários judiciais adiou esta sexta-feira a leitura do acórdão do processo em que três arguidos respondem pela tentativa de homicídio de um jovem, junto a uma discoteca em Fafe, no distrito de Braga, em maio de 2022.

A leitura do acórdão estava marcada para as 14:00 no Tribunal de Guimarães, mas a falta de funcionários judiciais obrigou ao adiamento da sessão por parte do coletivo de juízes, não havendo, para já, indicação de nova data.

Inicialmente, o processo contava com seis arguidos, cinco homens e uma mulher, com idades entre os 20 e os 36 anos, todos de nacionalidade brasileira, mas na primeira audiência o tribunal separou três dos arguidos: um porque ainda estava foragido, a mulher e um homem porque não compareceram em tribunal e encontram-se em parte incerta.

O processo principal ficou então com dois arguidos em prisão preventiva e um em liberdade, mas proibido de sair do país, acusados pela coautoria de homicídio qualificado, na forma tentada, e por vários crimes de ofensas à integridade física qualificada.

Nas alegações finais, realizadas em 11 de julho, o Ministério Público (MP) pediu penas exemplares para os arguidos.

"Face à gravidade dos factos, a pena tem de ser um exemplo para os demais cidadãos, nomeadamente para os jovens para que percebam que estes factos são severamente punidos e que não podem acontecer. Não há justificação", declarou a procuradora do MP, defendendo uma condenação efetiva dos arguidos, acima do mínimo previsto na moldura penal.

Segundo o MP, após os factos, dois dos elementos do grupo que agrediu com violência um jovem de 24 anos, junto à discoteca Mamma Mia, em S. Gens, Fafe, na madrugada de 29 de maio de 2022, colocaram-se em fuga para o Brasil e para os Países Baixos.

O suspeito que havia fugido para os Países Baixos foi, entretanto, detido em Lisboa e será julgado à parte.

A procuradora do MP destacou ainda "agressividade e a violência dos factos", salientando que as lesões sofridas pela vítima, que esteve em coma vários dias, demonstra a gravidade das agressões sofridas na cabeça e noutras partes do corpo.

A acusação conta que, naquela madrugada, o grupo constituído pela principal vítima e por mais um jovem e duas jovens dirigiu-se à discoteca Mamma Mia, em S. Gens, Fafe, onde já se encontrava o grupo dos seis arguidos.

A procuradora lembrou que quando a vítima saiu da discoteca "os arguidos já estavam à sua espera e começaram as agressões", acrescentando que, em nenhuma fase do processo, houve qualquer tipo de confissão ou arrependimento por parte dos arguidos.

O MP sustenta na acusação que, "em consequência direta e necessária da conduta" dos arguidos, a vítima "sofreu um traumatismo cranioencefálico e um traumatismo maxilofacial, ambos graves, tendo sido submetido a cirurgia de urgência, na especialidade de neurocirurgia, e colocado em situação de coma induzido".

O jovem esteve mais de quatro meses para recuperar das lesões, mas ficou com sequelas como uma "cicatriz permanente".

Os advogados dos arguidos pediram, por seu lado, a alteração da qualificação jurídica do crime de homicídio na forma tentada para ofensas à integridade física, acusando o tribunal de querer "colocar todos no mesmo saco, como se estivessem a ser julgados por associação criminosa".

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