António Costa anunciou esta quarta-feira que por cada ano de trabalho em Portugal, o Governo vai devolver aos estudantes as propinas pagas no ensino público e adiantou alterações ao IRS Jovem. O primeiro-ministro anunciou outras medidas de apoio aos jovens, incluindo a atribuição de passes de transporte gratuitos sub-23. O presidente do Conselho Nacional de Juventude considera que as medidas anunciadas são interessantes e têm a mais-valia de colocar “o foco nos problemas dos jovens”. Contudo, Rui Oliveira sublinha que o “salário continua a ser baixo, mesmo com essa ajuda pontual” e destaca também os problemas de habitação que muito afetam os jovens.
"A questão dos passes gratuitos para quem tem menos de 23 anos é essencial, a questão do IRS para quem também entra no mercado de trabalho, esta descida para 0% no primeiro ano para os 25 e depois para os 50% e no último ano para os 75% e também, mais uma vez, uma medida que permite ter mais dinheiro", diz Rui Oliveira, em entrevista na SIC Notícias.
O presidente do Conselho Nacional de Juventude realça, no entanto, que os jovens continuam a deparar-se com o problema dos salários baixos que levam para casa todos os meses.
"Aquilo que para nós é fundamental e temos alertado muitas vezes é que é preciso uma remuneração base, remuneração salarial que realmente vá de acordo a estas expectativas, ou seja, porque ter um pico num ano em que isso acontece, ainda que seja positivo e é de reforçar isso, tem naturalmente também essas dificuldades que é de, ao final do mês, muitas vezes para os jovens começam no mercado de trabalho e têm que sair de casa dos seus pais, pode ser um problema".
Rui Moreira realça que a questão do aumento salarial é fundamental para os jovens, embora sublinha que a resposta a essa necessidade não depende apenas de medidas do Governo.
"Também é preciso que as pessoas da sociedade civil, as organizações da sociedade civil, as empresas percebam esse desafio e pressão tem que subir também esses salários, têm que ir à procura de manter esse talento em Portugal".
Programa Porta 65
Um total de 12.438 jovens foram apoiados pelo programa Porta 65, um aumento de 19%, na sequência do concurso de candidaturas, que decorreu entre 28 de abril e 30 de maio, anunciou esta quarta-feira o Ministério da Habitação.
O presidente do Conselho Nacional de Juventude elogia o programa, mas tece também algumas críticas e alerta para o facto de o Porta 65 abranger agora “mais pessoas do que aquilo que abrangia antigamente, não é só para os jovens, é também para outras famílias e, por isso, é preciso percebermos completamente estes números”.
“Só recentemente é que passou a estar totalmente aberto e continuar aqui a haver alguns problemas, quer a nível de candidatura, de quem já pode candidatar-se ou não pode (…) Continua a ser um processo bastante demorado e difícil de fazer”, realça Rui Oliveira.