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"Estamos a repetir os erros da pré-falência de 2011", adverte José Gomes Ferreira

“A contar desde o final de 2022, Portugal tem quase 60 mil milhões de euros à disposição”, que, segundo José Gomes Ferreira, estão a ser gastos “em prioridades descoladas das necessidades da economia”.

Análise por José Gomes Ferreira

Cristina Figueiredo

José Gomes Ferreira

Daniela Tomé

Em análise na SIC Notícias, Cristina Figueiredo e José Gomes Ferreira, da SIC, discutiram o que foi tornado público da reunião do Conselho de Estado que teve lugar esta terça-feira. Ambos os jornalistas reforçaram a tese de que Governo deveria estar a fazer uma gestão mais eficiente dos recursos.

José Gomes Ferreira diz que os conselheiros de Estado têm tentado avisar o Governo, “mas que este não está a querer ouvir”.

“Estamos a perceber que era vazio o conjunto de promessas de que íamos [economicamente] crescer muito ao nível da média europeia. Já lá vão sete anos de governação e, na verdade, estamos a voltar ao crescimento anémico”, afirma o comentador.

Este tipo de austeridade que ninguém verbaliza, porque ninguém percebe, asfixia cada vez mais a economia”, acrescenta.

“Estamos a repetir os erros da pré-falência de 2011. O modelo económico que estava em rigor muito no imobiliário/construção/crédito bancário. Neste momento estamos a apostar numa monocultura de turismo/construção/imobiliário/financiamento bancário, e estamos a repetir o erro”, acrescenta.

“Será revoltante perdermos uma década. A contar desde o final de 2022, Portugal tem quase 60 mil milhões de euros à disposição”, que, segundo José Gomes Ferreira, estão a ser gastos “em prioridades descoladas das necessidades da economia”.

Em análise, Cristina Figueiredo acrescentou ainda que “Miguel Cadilhe foi um dos conselheiros [de Estado] que mais criticou a condução do atual Governo, nomeadamente de política económica”.

Ainda que não se tenha sabido todos os contornos desta reunião, porque, como explica a jornalista, “os conselheiros têm como que uma ordem para calar”, crê-se que tenha havido referência aos últimos acontecimentos políticos.

“PSD tem estado a fazer muita gala da bandeira da baixa de impostos, por isso acho que é inevitável que esta seja uma das grandes questões do ciclo que está agora a recomeçar", conclui Cristina Figueiredo.

Conselho de Estado

Ao contrário do que tinha acontecido no último Conselho de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa decidiu divulgar as conclusões da reunião desta terça-feira. No entanto, pouco ou nada se tira da nota avançada pela Presidência da República, desta reunião do órgão consultivo.

De acordo com o semanário Expresso, o clima da reunião “foi tenso” e António Costa manteve-se em silêncio durante as quase três horas de Conselho de Estado, tendo deixado Marcelo Rebelo de Sousa sozinho na longa análise à situação económica e social do país.

Ainda segundo o Expresso, o Presidente da República deu destaque a temas como a saúde, educação, habitação, segurança social e o novo aeroporto de Lisboa. Apesar de diplomático, Marcelo optou por um tom mais crítico, revelam fontes presentes na reunião.

Esta é a 31.ª do órgão político de consulta do Presidente da República realizada nos mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa.

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