Realizou-se esta quinta-feira de manhã, em Esposende, a Romaria de São Bartolomeu do Mar. A tradição culmina com o ritual de mergulhar as crianças três vezes nas águas do Norte, para lhes “tirar os medos”.
“Dizem que é para tirar o medo da água às crianças e nós viemos cumprir essa tradição”, afirmam os populares que se juntaram em Esposende para participar nesta tradição que oscila entre o sagrado e o profano.
“Costumo dizer que são Bartolomeu é uma romaria das crianças, por uma razão muito simples: o banho santo tem como função principal proteger as crianças dos medos”, afirma o historiador António Marinhão Peixoto, também ele presente na tradição.
“É a tradição popular no seu máximo. Depois do banho a serenidade volta e há um afeto natural com a água. O melhor é vir, fazer e depois reviver”, acrescenta.
O início do ritual começa com a aquisição de uma galinha/galo ou franjo preto, que são vendidos nas imediações da igreja.
Com a ave nos braços, pais e crianças dão-se três voltas à igreja.
“Três voltas, por norma, é o tempo necessário para rezar um terço. O terço faz parte da devoção também. Depois [as crianças] passam por baixo de um andor, e depois de beijam uma imagem com mais mais de 200 anos e oferecem a galinha/galo aos festeiros, para depois ser leiloado. No final da procissão vêm ao mar”, acrescenta António Marinhão Peixoto.
As crianças são mergulhadas três vezes no mar, agarradas ao banheiro ou aos pais, numa tradição que já se cumpre nesta localidade há várias gerações.
"Eu temi pessoalmente que houvesse um afrouchamento desta devoção. Mas não, os jovens mantêm viva a tradição, conclui o António Marinhão Peixoto.
Milhares de pessoas deslocaram-se este ano à localidade de São Bartolomeu