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Violência doméstica: aumento de denúncias "não é mau, pode significar maior consciência"

O número de denúncias por violência doméstica tem vindo a aumentar e a Ordem dos Psicólogos criou um documento que pretende chamar a atenção para um crime que existe maioritariamente no seio familiar.

SIC Notícias

Há cada vez mais queixas por violência doméstica em Portugal. Nos últimos quatro anos, em média, foram apresentadas 82 queixas por dia. Neste período foram registadas quase 15 mil queixas, de acordo com a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

Em 2020, a PSP e a GNR somaram 13.327 denúncias, no ano seguinte as queixas diminuíram para os 12.171, sendo que em 2022 verificou-se uma subida significativa: 14.373 queixas.

As redes sociais potenciam o aumento do número de casos e com os números a subir a Ordem dos Psicólogos criou o “Vamos Falar Sobre Abuso Sexual”, um documento que pretende chamar a atenção para um crime que existe ainda maioritariamente no seio familiar, mas que está a ser potenciado pelas plataformas digitais.

A vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, Renata Benavente, explicou na antena da SIC que apesar de existirem mais denúncias, não quer dizer que haja mais casos, “mas pode significar que há um melhor conhecimento e uma melhor capacidade de identificação e reconhecimento das próprias vítimas”.

Nesse sentido, acrescentou, este aumento do número de queixas pode dever-se “ao importante papel que os serviços públicos têm vindo a desempenhar sobre o que é o abuso”.

“Quando falamos do abuso sexual de menores existem alguns mitos associados a estas práticas, por exemplo, as questões do toque desadequado que podem, nalguns contextos, não ser perspetivados como uma forma de abuso e são. Isto é essencial clarificar”, explicou, vincando que a informação ‘na palma da mão’ é importante para que quem seja vítima consiga “salvaguardar-se e proteger-se”.

Maior parte dos abusos acontece no seio familiar

Muitas vezes, os casos de abuso acontecem na esfera familiar, existindo uma dificuldade extra em denunciar “devido à parte emocional”.

O documento desenvolvido pela Ordem quer ajudar, precisamente, neste aspeto o lado “emocional que uma criança ou jovem tem com o abusador [e que] torna difícil ter uma visão clara sobre se é uma circunstância de abuso ou não”, refere a psicóloga.

“Uma prática que é integrada naquilo que é a relação com aquela pessoa e torna difícil perceber aquela abordagem. Aqui entra claramente num jogo confuso com sentimentos de culpa”, diz a especialista.

Para travar estas dúvidas é fundamental que se trabalhe junto das crianças para que “elas reconheçam situações de abuso”.

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