A Santa Casa da Misericórdia de Constância esgotou a capacidade de apoio. A instituição com mais de 500 anos de existência chegou a um ponto de rutura financeira. A inflação e a falta de apoios do Estado levaram a que os subsídios de férias dos trabalhadores já não tenham sido pagos.
"Começámos a ter dificuldade na capacidade de ajuda, entretanto recorremos a alguns mecanismos do Estado, nomeadamente ao Fundo de Socorro Social e a um apoio extraordinário. No entanto, estamos em 2023 e as situações agravaram-se, esgotou-se a nossa capacidade de ajuda. E nós chegámos ao final de maio e não conseguimos pagar o subsídio de férias aos nossos colaboradores.”, disse António Teixeira, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Constância.
Uma situação que já se previa desde 2020. António Teixeira sublinha que com a pandemia e com o aumento do salário mínimo nacional as dificuldades aumentaram e em 2020 a Santa Casa pediu apoio à Segurança Social. Passados três anos, o apoio ainda não chegou.
“E até hoje ainda estamos a colaborar com a Segurança Social, no sentido de transferirem a verba para os cofres da instituição. (…) temos muita dificuldade em cumprir o nosso dever, mas continuamos no terreno com o nosso papel social, a fazer o impossível.", disse António Teixeira.
Diariamente a Santa Casa de Constância apoia centenas de pessoas através das várias valências. O lar acaba por ser um apoio fundamental num concelho do país onde a população é cada vez mais envelhecida.
O provedor da Santa Casa de Constância relembra que sem os apoios do Estado é muito difícil este tipo de instituições sobreviverem, e sublinha que é necessário olhar para “um paradigma diferente, um modelo diferente de ajuda”.
A inflação, o aumento do salário mínimo, a falta de receita e o atraso no pagamento dos apoios do estado levam a que o futuro da instituição seja agora incerto.
Para os cerca de 150 utentes e para os 81 funcionários que cuidam de quem mais precisa, a única esperança é agora o pagamento do apoio extraordinário da Segurança Social.