As negociações entre Governo e sindicatos dos médicos começaram há mais de um ano, em maio de 2022. Desde então saiu Temido, entrou Pizarro, mas manteve-se o braço de ferro e há reivindicações que os sindicatos não estão dispostos a deixar cair.
“Não se trata apenas de nós tentarmos negociar condições de trabalho e uma grelha salarial que seja melhor para os médicos. Neste momento, o que estamos a tentar é não perder direitos que prejudiquem a população, que prejudiquem os utentes e o Serviço Nacional de Saúde.”, disse Joana Bordalo e Sá, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) diz que recuperar 1,6% do salário que se perdeu nos últimos anos, é "inaceitável" e que o que pretendem é recuperar os “20% que se perderam em termos de impostos e inflação nos últimos anos”.
E há ainda a questão das horas extraordinárias, o SIM diz ser impossível pedir mais horas aos médicos e que “é impossível aguentar mais tempo”.
“O que está em cima da mesa é que os médico tenham de trabalhar ainda mais dois meses que o resto dos profissionais para conseguirem dar resposta. Portanto, além dessas 350 horas extraordinárias serem impossíveis, são de facto ilegais, é inconstitucional.”, sublinha Joana Bordalo e Sá.
A ultima oportunidade para alcançar um consenso acontece esta sexta-feira à tarde. A reunião ainda não começou e, dizem os sindicatos, o Ministério da Saúde já está a falhar.
“O Governo não fez aquilo que tem de acontecer no processo negocial, que é apresentar propostas escritas para depois nós contrapropomos, é esse o processo de negociação coletiva.", disse Jorge Roque da Cunha do SIM.
A FNAM fala em “ falta de seriedade” e “falta de competência por parte do Ministério da Saúde”, uma vez que deveriam ter recebido um documento estruturado por parte do Ministério da Saúde até dia 14 de julho e tal não aconteceu. A FNAM acrescenta ainda que talvez seja “mesmo má fé, por parte do Ministro da Saúde, senhor doutor Manuel Pizarro”.
Perante isto uma coisa é certa, as greves agendadas - a do Sindicato Independente dos Médicos para 25, 26 e 27 de julho e a da FNAM para 1 e 2 de agosto - são mesmo para manter.