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Construção de hotel está fora de questão, garante Rui Moreira após fecho de lojas no STOP

Rui Moreira diz que o fecho das lojas do centro comercial está relacionado com questões de segurança e com queixas dos moradores. O espaço estava a ser usado sobretudo por músicos, que tinham lá salas de ensaio e estúdios de gravação. O autarca reconhece a importância do local e diz que vai trabalhar com as associações para se chegar a um entendimento.

SIC Notícias

Lusa

Músicos e comerciantes foram surpreendidos na manhã desta terça-feira pela Polícia Municipal, que bem cedo decidiu fechar 105 lojas no centro comercial STOP, no Porto. Os usuários juntaram-se num protesto que cortou a Rua do Heroísmo durante algumas horas. A justificar o encerramento estão licenças em falta, mas houve quem denunciasse que o objetivo final é a construção de um hotel.

“Gostava só de ter sido avisado, para não ser apanhado de surpresa e para não ter de fazer as coisas às três pancadas, digamos, tirar tudo à pressa.”, disse à SIC o músico Nuno Gonçalves.

Algumas pessoas admitem já estar naquele local há anos e que fizeram algum investimento no espaço. "Foi totalmente remodelada por nós, foi isolada acusticamente. Estamos a falar em termos de investimento, cerca de 10 mil euros em material que temos lá dentro preso”, acrescentou outro músico.

Os utilizadores do centro comercial STOP são, sobretudo, músicos que usam as lojas como estúdios e salas de ensaio. Mas o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, reforça que, por questões de segurança, o espaço tinha os dias contados.

“O edifício durante os últimos anos teve lá dois incêndios e em determinada altura o batalhão de Sapadores Bombeiros vai lá e faz uma investigação para perceber o quê que lá se passa e o relatório é muito preocupante. Assinala que há puxadas elétricas ilegais, que há espaço comum que tinha sido ocupado impedindo a acessibilidade, que havia problemas com as saídas de segurança.”, contou Rui Moreira.

A autarquia fala ainda num acumular de queixas dos moradores por causa do ruído. Já o processo de legalização depende de obras, que o administrador do centro comercial diz não ter dinheiro para as realizar.

“O senhor que é responsável pelo condomínio, diz que não tem dinheiro. Diz que as rendas que tem não dão para fazer as obras. Os músicos, naturalmente, não têm dinheiro para fazer as obras. E a câmara não pode fazer obras num edifício que não é seu.”, sublinhou o Presidente da Câmara Municipal do Porto.

Depois de reunir com uma associação ligada ao STOP, a autarquia diz que há vários cenários em cima da mesa. A Câmara poderá fazer obras no silo-auto ou numa escola que será desativada.

“Nós vamos ter a Escola Pires de Lima, que é mesmo junto ao STOP, vai ficar livre antes do fim do ano, porque os alunos vão ser transferidos para o Alexandre Herculano. É uma escola que tem uma data de salas de aula que vão ficar disponíveis e foi aventada essa solução. O senhor vereador vai visitar o espaço com eles, na próxima segunda-feira.”, admite Rui Moreira.

O novo ponto de agenda coincide com uma marcha de protesto, que deve terminar em frente à câmara municipal, e que ainda não foi desmarcada.

Construção de hotel está fora de questão

Apesar das hipóteses em cima da mesa, o autarca Rui Moreira deixou, em conferência de imprensa, a garantia de que não vai autorizar a construção de "nenhum hotel" no local e que a compra do edifício pela autarquia não é viável.

Rui Moreira explicou que seria ilegal a câmara fazer as obras necessárias no espaço, porque o edifício não lhe pertence e que a compra ou arrendamento do espaço é inviável.

"Eu não sei de nenhum interesse imobiliário e posso-lhe dizer uma coisa, a Câmara Municipal do Porto não autoriza ali a construção de nenhum hotel, se for caso disso. (...) A história de que o que nós queremos é gentrificar aquilo parece-nos uma história absurda", respondeu Rui Moreira quando confrontado com acusações de alegados interesses imobiliários estarem na origem da selagem das lojas.

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