O efetivo descontrolado de javalis continua a provocar estragos. Na região de Abrantes, alguns caçadores aproveitam a medida do Governo que permite o controlo de densidade em todas as noites até setembro, mas a maioria não adere porque a atividade não é atrativa.
“Arrancam os gotejadores e arrancam as raízes das oliveiras,” diz um habitante de Mouriscas, mas este tipo de estragos acontece por todo o país, principalmente desde a pandemia, com o crescimento descontrolado dos javalis.
“Aqui em Abrantes, há cada vez mais acidentes com viaturas a bater em javalis, que causa danos nos carros absurdos", partilha outro residente.
Com a época cinegética fechada o controlo era, até agora, apenas permitido em luas cheias mas, como medida excecional, está autorizado todas as noites até setembro.
Moisés, na zona de caça associativa a que pertence, nas Mouriscas, vai fazendo a sua parte. Ao cair da noite prepara o palanque e monta a espera. Como estão as coisas é natural que apareçam animais, quase sempre em grupo. Mas esta não é caça que cative.
“Eu sou um caçador já com décadas. Já é um dote, já o meu avô era caçador, os meus pais, os meus tios. Esta caça para mim é mais só para controlar e para evitar que eles destruam o que têm destruído.” Moisés, caçador.
Mesmo na associação, os membros aderem pouco ao controlo de densidade, muitas vezes porque “não gostam de praticar este tipo de caça”.
É por isso que o problema persiste e este alargamento do período de caça devia ser conjugado com outras medidas.
“Podia-se tomar medidas no sentido de se fazer mais montarias, mais uns ganchos. Para tentar diminuir o número de animais. Os ganchos são pequenas montarias que se fazem com um pequeno grupo de caçadores e algumas matilhas. E às vezes funcionam muito bem, em locais mais pequenos." disse Moisés.
O que há, pelo que se vê e se ouve está a resultar pouco. Os estragos são muitos e o efetivo continua grande.