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Adão e Silva mantém críticas: "Não está em lado nenhum que ministros devem suspender espírito crítico"

O ministro foi criticado por ter comparado momentos da comissão de inquérito da TAP com "reality shows". Pedro Adão e Silva não retratou das declarações e garante levar "muito a sério o funcionamento das instituições".

SIC Notícias

Lusa

Pedro Adão e Silva não retira as críticas ao funcionamento da comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da TAP. O ministro da Cultura nega ter ofendido a Assembleia da República, reafirmando que existem uma “degradação da vida pública e política” e que a comissão de inquérito teve momentos de “reality show”.

“Ofender a Assembleia? Eu não vejo porquê. O Governo responde perante a Assembleia [da República], mas não está escrito em nenhum lado que os ministros devem suspender o seu espírito crítico em relação ao que é o funcionamento do Parlamento”, afirma Pedro Adão e Silva,

O ministro recusou a necessidade de se retratar das declarações, como apelou o presidente da comissão de inquérito, António Lacerda Sales. Também o PSD criticou a posição de Pedro Adão e Silva na entrevista dada à TSF e ao Jornal de Notícias.

“Espanta-me muito que haja uma reação nestes moldes. Porque, da mesma forma que os membros do Governo têm de estar totalmente disponíveis para serem criticados, todos os dias e a todos os momentos, não vejo porque motivo não podem criticar e fazer reflexões críticas sobre o funcionamento de outros órgãos”, afirma.

Pedro Adão e Silva sublinhou que leva “muito a sério o funcionamento das instituições democráticas” a garante que a opinião que manifestou é partilhada por muitos portugueses.

“Acho um pouco surpreendente que ninguém se inquiete com apreensões de telemóveis na CPI, perguntas sobre com quem se está a trocar mensagens SMS, ou com inquirições noite dentro. Acho que nada disto contribui para o bom funcionamento das instituições democráticas”, remata.

"Falta de respeito": presidente da CPI da TAP deixa fortes críticas ao ministro da Cultura

O presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou este domingo que as declarações do ministro da Cultura foram uma "falta de respeito" e uma "caracterização muito injusta" do trabalho dos deputados, pedindo que se retrate.

Em declarações à agência Lusa, o também deputado do PS reagiu às palavras de Pedro Adão e Silva numa entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, em que o ministro considerou ter havido deputados a agir como "procuradores do cinema americano da série B da década de 80" na comissão de inquérito à TAP.

"Isto parece-me uma falta de respeito pelo trabalho dos senhores deputados, da comissão e do próprio Parlamento. Relembro que o Governo responde ao Parlamento. Nenhum político está isento de respeitar as instituições, por maioria de razão o parlamento, especialmente os ministros", reagiu Lacerda Sales.

Lacerda Sales referiu que, enquanto presidente da comissão de inquérito à TAP, lhe cabe defender a "comissão e a instituição parlamento" e disse aguardar que "o senhor ministro se retrate destas declarações".

As declarações do ministro da Cultura

Na entrevista à TSF e Jornal de Notícias, Pedro Adão e Silva referiu que se está a assistir a uma "degradação do ambiente político" que não é "independente de coisas como aquelas que se passaram" na comissão parlamentar de inquérito à TAP.

"A transformação das inquirições em noites sem paragem, sem saber se se falou ao telefone às 10:00 ou às 10:05, se foi antes ou depois, em que os deputados são uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80, e em que depois tudo isto é prolongado naquele género de comentário, como se comenta os 'reality shows', nos canais noticiosos à noite - se isso não contribui igualmente para a degradação das imagens e da democracia? A minha resposta é que contribui", afirmou.

O governante ressalvou que "as comissões parlamentares de inquérito têm um papel muito importante de valorização até da atividade parlamentar", mas acrescentou que "há comportamentos e lógicas de funcionamento" dessas comissões que são "degradantes da função política".

"Se nós achamos normal algumas das coisas que se passaram, acho que estamos a laborar num enorme equívoco", sustentou.

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