Nomeado por Marta Temido para o cargo de diretor clínico, Pedro Soares Branco, assumiu funções em agosto de 2020, em plena pandemia. Depois de quase três anos à frente do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, que agrega entre outros os hospitais de São José, Dona Estefânia e a Maternidade Alfredo da Costa, foi afastado do cargo juntamente com mais três adjuntos da direção.
“São assuntos normais de ajustamento dos conselhos de administração não vejo que resulte em nenhuma perturbação. São ajustamentos normais”, comentou o ministro da Saúde, Manuel Pizarro.
Todos os diretores clínicos são nomeados pelo Governo sob proposta dos presidentes dos conselhos de administração. Significa isto que os profissionais só podem ser exonerados pelo Executivo.
“Isto não pode desviar as atenções daquilo que tem acontecido um pouco por toda a Lisboa. Mantêm-se as demissões dos chefes de equipa de urgência do Garcia de Horta, do Fernando Fonseca, do Beatriz Ângelo, do Francisco Xavier, todos esses colegas mantêm esse pedido de demissão por falta de meios”, refere Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
“Temos um problema do ponto de vista das lideranças a nível hospitalar o que entendemos é que os processos devem ser democráticos. Os diretores clínicos deveriam ser eleitos, como já foi no passado, pelos profissionais das instituições”, acrescenta Joana Bordalo Sá, da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
O ministro da Saúde já agradeceu a dedicação e o desempenho de Pedro Soares Branco, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, e especialista em medicina física e de reabilitação. Porém, até ao momento não sabe quem irá assumir o cargo. Luís Campos Pinheiro e João Coimbra vão assegurar por agora o funcionamento dos serviços.
Esta exoneração acontece cerca de duas semanas após o médico Diogo Ayres de Campos ter sido demitido da direção do departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Santa Maria. Desde essa altura aumentou o descontentamento da equipa e os constrangimentos no serviço.
Os médicos queixam-se da falta de profissionais e apresentaram escusas de responsabilidade às horas extraordinárias.
Entretanto, o Hospital Santa Maria acionou o mecanismo de colaboração com as instituições privadas e duas grávidas foram transferidas para o Hospital da Luz.