País

Freguesia sem médico de família: ajuda de clínico reformado foi recusada

A população não tem acesso a saúde pública há mais de um ano e o facto ser envelhecida acaba por dificultar o acesso ao Hospital mais próximo, que neste caso é o de Torres Novas.

SIC Notícias

Cada vez mais populações estão a ficar sem médico de família e na freguesia de Mouriscas, em Abrantes, não há médico de família há mais de um ano. Um médico reformado ofereceu-se para dar consultas gratuitas, mas a coordenação de Centros de Saúde do Médio Tejo não aceitou.

A população não tem acesso a saúde pública e o facto ser envelhecida acaba por dificultar o acesso ao Hospital mais próximo, que neste caso é o de Torres Novas.

“A maior parte da população é idosa, não tem recursos financeiros, não tem possibilidade de se deslocar. O que faz esta gente? Vão às 06:00 para o recurso, que é em Abrantes e fica a 10 quilómetros, não há autocarros, as pessoas têm de alugar um táxi, pagar do seu bolso e chegar lá sem a garantida que possam ter uma consulta. Isto é uma Via Sacra, isto é inadmissível num país da Europa”, conta um morador, António Louro.

José Correio foi cardiologista durante mais de 50 anos, quando se reformou decidiu mudar-se para as Mouriscas. Aos 74 anos, ofereceu-se para dar consultas gratuitas, mas a oferta acabou recusada pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Médio Tejo.

“Posso ajudar vindo aqui uma tarde por semana para esta população, que reconheço alguns com dificuldades motoras e calculo com dificuldades financeiras. Pensei que fosse algo muito simples vir aqui uma tarde por semana e resolver as coisas fundamentais. Achava que aqui podia dar o meu contributo como as pessoas me dão a mim de coisas que eu não sei, como carpinteiro, e julguei que era muito simples dar uma ajuda”, disse o médico.

A população está revoltada com a decisão e decidiu criar um abaixo-assinado na internet. Em Abrantes cerca de 10.000 utentes não tem médico de família, em maio foram abertas 37 vagas para a região do Médio Tejo, mas apenas três foram preenchidas.

A SIC tentou contactar o Agrupamento de Centros de Saúde, mas até ao fecho desta reportagem não recebemos qualquer resposta.

Últimas