Em tribunal, Rosa Grilo confessou pela primeira vez, esta terça-feira, que matou o marido Luís Grilo. Mesmo depois de ter sido condenada a 25 anos de prisão efetiva pelo homicídio do marido, Rosa nunca tinha, até hoje, admitido a autoria do crime.
Mas, na tarde desta terça-feira, fê-lo numa sessão do julgamento da sua antiga advogada, Tânia Reis, e do perito forense João de Sousa, acusados pelo Ministério Público (MP) de simulação de crime, posse de arma ilegal e favorecimento pessoal, existindo a suspeita de terem forjado provas na casa onde Luís Grilo foi assassinado.
Ao depor em tribunal, Rosa Grilo confessou ter disparado dois tiros sobre o marido enquanto este dormia: um na cabeça, outro acertou no colchão. Disse que levou depois o corpo para a garagem, onde o deixou alguns dias enrolado num lençol e coberto com lenha.
A mulher disse que o casal teve um grande desentendimento no dia anterior e que estava numa fase de rutura. Rosa Grilo afirmou, aliás, que foi buscar a arma que usou no crime a casa do então amante, António Joaquim, com o intuito de se defender porque o seu casamento estava "numa fase muito complicada".
A esse propósito, Rosa assegurou ainda que António Joaquim não sabia que ela tinha ido buscar a arma. Rosa Grilo e António Joaquim, que mantinham uma relação extraconjugal, estavam acusados da coautoria do homicídio de Luís Grilo, em julho de 2018, na sua casa nas Cachoeiras, em Vila Franca de Xira.
A tese do Ministério Público
Na acusação, o Ministério Público atribuiu a António Joaquim a autoria do disparo, na presença de Rosa Grilo, no momento em que o triatleta dormia. Contudo, durante o julgamento, o tribunal de júri procedeu à alteração não substancial de factos, atribuindo à arguida Rosa Grilo a autoria do disparo.
O crime terá sido cometido para poderem assumir a relação amorosa e beneficiarem dos bens da vítima - 500 mil euros em indemnizações de vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias tituladas por Luís Grilo, além da habitação.
A 3 de março de 2020, na leitura do acórdão, que decorreu no Tribunal de Loures, distrito de Lisboa, o tribunal de júri (além de três juízes, foram selecionados quatro cidadãos - jurados) condenou Rosa Grilo a 25 anos de prisão pelo homicídio do marido, por profanação de cadáver e por detenção de arma proibida, enquanto António Joaquim foi condenado à pena suspensa de dois anos por detenção de arma proibida, mas foi absolvido da coautoria do homicídio da vítima.
O Ministério Público recorreu do acórdão quanto ao arguido e o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), por acórdão proferido em setembro, alterou por completo a decisão do tribunal de júri (tribunal de primeira instância) e também condenou António Joaquim à pena máxima.
As defesas dos arguidos recorreram para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que, em 25 de março de 2021, negou provimento aos recursos apresentados, confirmando a decisão do TRL, o qual manteve os 25 anos de cadeia à arguida e condenou o arguido também à pena máxima.
[Notícia atualizada às 18:33]