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Um hotel inteiro, ruas fechadas e alta segurança: o encontro mais exclusivo do mundo vai parar Lisboa

É a terceira vez que o encontro do Clube de Bilderberg tem lugar em Portugal. Desta vez o quartel-general da reunião à porta fechada vai ser montado durante quatro dias no hotel Pestana Palace, no Alto de Santo Amaro, em Lisboa.

SOPA Images/Getty Images

Ricardo Costa

Os utentes do hotel têm que deixar o Pestana Palace até quarta-feira à noite; e só na próxima segunda-feira, dia 22, é que os hóspedes "normais" podem regressar. Até lá, os 180 quatros da unidade de luxo do Alto de Santo Amaro, freguesia de Alcântara, estão todos por conta de um dos eventos mais exclusivos do mundo, a reunião anual do Clube de Bilderberg.

Depois de uma interrupção de dois anos, em 2020 e 2021 por causa da pandemia, e de um reinício no ano passado, em Washington, o encontro anual - que começou em 1954 no Hotel de Bilderberg, nos Países Baixos -, tem lugar em Portugal. Da última vez que isso aconteceu, em 1999, o local escolhido foi o resort da Penha Longa, em Sintra.

Há 24 anos, o português responsável pela organização foi Francisco Pinto Balsemão (Chairman e principal acionista da Impresa, que detém a SIC e o Expresso), que integrou o comité de direção do Clube de Bildeberg durante mais de duas décadas. Quando abandonou as funções na direção, indicou José Manuel Durão Barroso, ex-Presidente da Comissão Europeia e atualmente com funções não executivas na Goldman Sachs, para lhe suceder.

Francisco Pinto Balsemão e Durão Barroso são os únicos portugueses que integraram a estrutura de direção do Clube de Bilderberg. Os outros portugueses presentes por convite nos encontros anuais são quase sempre empresários ou políticos, havendo casos de pessoas ligadas à Cultura. No ano passado, estiveram quatro nacionais, além de Durão Barroso.

No encontro de Washington participaram José Luís Arnaut, habitual braço-direito de Durão Barroso e sócio de um grande escritório de advogados (CMS Rui Pena & Arnaut), Ana Pinho, administradora da Fundação de Serralves, Isabel Furtado, administradora executiva da TMG Automotives (uma empresa portuguesa líder no fabrico de componentes para a indústria automóvel) e Nuno Sebastião, líder e fundador da Feedzai, uma empresa tecnológica especializada em prevenção de fraudes financeiras e que trabalha com alguns dos grandes bancos mundiais.

Os nomes dos portugueses presentes na reunião que começa quinta-feira à noite não foi divulgada. O Clube de Bilderberg obriga os organizadores a assinarem compromissos de confidencialidade e os participantes estão obrigados a não divulgarem a presença na reunião. Só depois do encontro - numa prática bastante recente e que pretende combater teorias da conspiração - é que o Clube coloca no seu site a lista de participantes.

A confidencialidade decorre de razões de segurança e do próprio modelo do encontro - que dura de sexta a domingo, com um programa muito intenso que arranca todos os dias às 8 da manhã e se prolonga até ao fim da tarde -, que assenta nas chamadas regras de Chatam House, que impedem que seja atribuída qualquer citação do que lá é dito, sendo apenas divulgados os temas em discussão.

O ano passado, o encontro abordou 14 temas, com especial incidência na Guerra da Ucrânia, a energia e os realinhamentos geopolíticos que decorrem do afastamento entre a China e os EUA. Alguns desses temas estarão presentes nos debates deste ano, onde além do secretário-geral da NATO, do MNE da Ucrânia e de alguns primeiros-ministros europeus, estará presente - não se sabe se por via digital, Henry Kissinger, que faz 100 anos na próxima semana.

O primeiro-ministro, António Costa vai falar no encontro na sexta ao fim da manhã, sendo em princípio entrevistado por um jornalista internacional, um modelo tradicional nestas reuniões. Marcelo Rebelo de Sousa não será orador, devendo apenas dar uma nota de boas-vindas no jantar de sábado à noite.

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