O vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Miguel Vieira Azevedo, e outras seis pessoas, foram esta terça-feira detidas pela Polícia Judiciária (PJ) durante as buscas realizadas nas autarquias de Gaia e do Porto, centradas na área do urbanismo.
Em causa estão crimes de corrupção, abuso de poder e recebimento indevido de vantagem no favorecimento de grupos imobiliários.
Os detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial.
Em causa “interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros”
No âmbito da operação Babel “foram efetuadas 55 buscas domiciliárias e não domiciliárias, em várias zonas do território nacional, em autarquias e diversos serviços de natureza pública, bem como a empresas relacionadas com o universo urbanístico”, revela a PJ em comunicado.
A Polícia Judiciária confirma que estão em causa “interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros”.
A PJ revela que, durante a operação, estiveram presentes magistrados do DIAP Regional, 130 investigadores criminais da Diretoria do Norte e de diversas unidades orgânicas da Polícia Judiciária, bem como peritos informáticos e financeiros desta Polícia, contando com o apoio da Unidade de Segurança da PJ".
Câmara do Porto diz que não é a principal visada
A Câmara Municipal do Porto garantiu hoje que as buscas da Polícia Judiciária nos serviços municipais do urbanismo não visam o município, mas empresas privadas com processos urbanísticos ali a tramitar.
"A Câmara Municipal do Porto informa, de acordo com o que pode apurar até ao momento, que as buscas da Polícia Judiciária que esta manhã ocorreram nos serviços municipais do Urbanismo não visam o município", sublinhou a autarquia, liderada pelo independente Rui Moreira, em comunicado enviado às redações.
Segundo o município, as buscas da PJ visam empresas privadas que têm processos urbanísticos a tramitar na câmara, assim como em outras autarquias sem, contudo, referir quais.
Além disso, a autarquia confirmou que, neste momento, a PJ está a analisar dois telemóveis, sem avançar a quem pertencem.
Anteriormente, fonte da Câmara do Porto confirmou terem sido apreendidos os telemóveis do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, e de uma chefe de divisão do Urbanismo.
"A Câmara Municipal do Porto mantém-se colaborante com a investigação", vincou.
Vereador Pedro Baganha: "Eu não sou arguido"
À porta do município, e quando questionado pelos jornalistas sobre o porquê de lhe ter sido apreendido o telemóvel, Pedro Baganha disse apenas que a PJ está a efetuar várias diligências de recolha de informação digital em postos de trabalho e em telefones.
Garantiu ainda que não foi constituído arguido, reforçando que a operação prende-se com empresas privadas e não com a Câmara Municipal do Porto.
"Eu não sou arguido", disse aos jornalistas.
[Notícia atualizada às 13:27]