80% dos utentes recusam os vales para cirurgias mais rápidas. A medida foi criada em 2004 por causa das listas de espera, mas o Ministério da Saúde já admitiu que está a trabalhar para tornar mais funcional o vale para operações.
As listas de espera para cirurgias no Serviço Nacional de Saúde levaram o Estado a criar em 2004 vales que permitem aos doentes ser operados mais rapidamente em outras unidades privadas, sociais ou pública.
O Estado apoia o custo do transporte do doente, os exames e tratamento pós-cirurgia e o ato cirúrgico, mas segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde, avançados pelo Diário de Notícias no ano passado, dos mais de 165 mil vales emitidos apenas 21% foram aceites.
A grande maioria das recusas é justificada com a longa distância do hospital a casa e a falta do indispensável acompanhamento.
Há, também, casos em que os médicos designados no privado operam também no hospital público que emite o vale e a lei não permite que realize a operação.
O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares defende que é preciso melhorar o vale cirurgia.
Ao Diário de Notícias, o Ministério da Saúde garantiu que está a avaliar esta e outras medidas para tornar mais funcional o sistema
Atualmente e sempre que é excedido o tempo máximo de espera, que em oncologia, por exemplo, é de 60 dias, o utente recebe um vale e tem 22 dias para aceitar e escolher dentro da lista de unidades propostas.
Se aceitar, terá de aguardar a data de agendamento da cirurgia se recusar entra de novo na lista de espera.
Mesmo com 80% de recusas no ano passado, o Estado gastou mais de 43 milhões de euros com os vales e mais de 45 milhões, em 2021.