Bernardo Ferrão critica a decisão do Governo de transferir a responsabilidade da execução do plano “Mais Habitação” para os municípios. Considera que pode ser uma forma de fugir às críticas e de apontar o dedo aos municípios no caso de incumprimento.
“Do ponto de vista da execução, parece-me tão complexo que as autarquias não têm capacidade para o fazer. Politicamente é um enorme recuo, porque o Governo percebeu que isto é de facto muito complicado e atira a responsabilidade para os municípios e depois vai dizer que os municípios é que não estão a cumprir a lei”, afirma.
Em relação à medida do arrendamento coercivo, Bernardo Ferrão diz que o Governo vem agora dar razão ao Presidente da República quando este falou na lei cartaz, ao alimentar expectativas em cima de um “problema real e muito grave” que não vai conseguir cumprir.
Afirma ainda ser curioso que a lista de concelhos com edifícios devolutos não inclua Setúbal, Coimbra, Aveiro, Braga e outros concelhos “tão importantes”.
“Não há prédios devolutos há mais de dois anos nestes concelhos? Ou os municípios não fizeram o seu trabalho ou não o apresentaram ao Governo”, declara.
Em relação ao alojamento local, defende que Costa e Medina “não podem aparecer como as virgens ofendidas” quando - enquanto foram autarcas de Lisboa - “precisaram e promoveram o Alojamento Local”.
“É muito curioso Costa e Medina fazerem do Alojamento Local um inimigo quando estes dois homens, na altura, precisaram dele e promoveram-no. Não podem aparecer como virgens ofendidas”, concluiu.