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Grupo de militares que recusou embarcar no NRP Mondego já chegou a Lisboa

Os 13 marinheiros vão ser ouvidos pela Polícia Judiciária Militar na próxima segunda-feira. Os familiares consideram “lamentável” a situação e criticam as declarações do Almirante Gouveia e Melo.

SIC Notícias

Os 13 militares, que recusaram embarcar no navio NRP Mondego por falta de condições, chegaram esta sexta-feira a Lisboa. Os marinheiros vão ser ouvidos pela Polícia Judiciária Militar (PJM) na próxima segunda-feira e foram alvo de processo disciplinar.

Chegaram ao aeroporto Humberto Delgado ao som do Hino Nacional e um aplauso dos familiares. O pai de um dos sargentos que fez parte da missão lamenta que o reencontro tenha acontecido “nestas circunstâncias”.

“Só é de lamentar que todos os governantes saibam o estado em que as coisas estão na Marinha, sabem que não há manutenção – o navio em causa está cheio de problemas há muito tempo, já foi mandado para trás porque não podia sair – e é ridículo que o comandante venha dizer que chamava o rebocador para tirar o navio para ir fazer a missão. Como é que isso é possível? Se não está em condições, não pode ir a reboque fazer uma missão”, disse à SIC Notícias.

Também Pedro Ferreira, gémeo de um dos sargentos do navio que se recusou a embarcar, sublinha que o irmão é um “sargento condecorado” e que recebeu “os melhores louvores de todas as suas chefias”. Critica as declarações das chefias da Marinha e fala em humilhação pública.

“É de lamentar ainda mais que as chefias que vêm agora falar ao país, inclusivamente o Almirante Gouveia e Melo, venham fazer uma humilhação pública aos seus militares em vez de falar com eles e perceberem as razões que os levaram a fazer isso”, afirma.

O advogado Paulo Graça, que representa os 13 militares, afirma que o “estado moral” do grupo é “muito bom”. Reconhece que existe a possibilidade de serem suspensos até serem ouvidos pela PJM, “tendo em conta a reprodução pública que a Marinha deu a este caso”.

“Acho lamentável que em praça pública estes homens, que são pais de família, alguns deles condecorados e com muitos anos de marinha, tenham sido enxovalhados perante todo o país sem terem sequer sido ouvidos previamente”, disse o advogado.

Paulo Graça criticou ainda as declarações do Almirante Gouveia e Melo, considerando que foram “lamentáveis”. Nega que a recusa dos militares de realizarem a missão “nada tem a ver com a revolta naval”.

Caso seja confirmado que os 13 militares foram insubordinados, os marinheiros podem ter de enfrentar um processo crime em tribunal civil, cuja pena pode chegar aos quatro anos de prisão.

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