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Hospital de Loures "vive os piores momentos da sua história", descrevem médicos

Esta quarta-feira demitiram-se os chefes do serviço de urgência geral do Hospital de Loures. Com as equipas mais reduzidas, os médicos ao serviço fazem centenas de horas extraordinárias.

SIC Notícias

“Outrora hospital modelo e revolucionário na abordagem e gestão dos doentes, vive os piores momentos da sua história e vê-se a não cumprir o seu maior objetivo: a prestação de cuidados de excelência ao doente."

É assim que os 11 chefes do serviço de urgência geral do Hospital Beatriz Ângelo, que esta quarta-feira apresentaram a demissão, descrevem a situação atual em Loures.

Ao longo de uma página e meia, os médicos descrevem que vivem um “presente de desespero por escassez de recursos humanos” e olham “com enorme preocupação e desacreditação” para o futuro.

Com as equipas mais reduzidas, os médicos ao serviço fazem centenas de horas extraordinárias e dizem não ter condições para garantir a segurança dos doentes devido ao cansaço acumulado.

Apesar de apresentarem a demissão, este clínicos vão continuar em funções até ao hospital encontrar uma solução. Mas há mais problemas no Beatriz Ângelo: a partir desta quarta-feira a urgência pediátrica passa a encerrar à noite entre as 21:00 e as 09:00 e também ao fim de semana.

O presidente da Câmara de Loures pediu para reunir com urgência com o ministro da Saúde, que vê esta situação com preocupação: “Temos de dialogar com estes profissionais, o Ministério da Saúde e a direção-executiva do SNS para ver qual é a gravidade dos problemas e encontrarmos soluções”, disse Manuel Pizarro.

Para perceber de perto as dificuldades dos profissionais nos diferentes serviços, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães e o Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha, visitaram esta quarta-feira a urgência do Hospital de Loures. Ambos dizem que a situação do Beatriz Ângelo é insustentável e que é preciso agir rapidamente.

Parceria público-privada terminou há mais de um ano

Em janeiro fez ano desde que o hospital de Loures terminou a parceria público-privada. De 2012 a 2022, durante 10 anos, este hospital foi gerido por privados.

No passado dia 18 fez um ano que terminou a parceria público-privada, até então gerida pela Luz Saúde. Desde então, passou para gestão pública e herdou alguns dos problemas do SNS.

Os utentes queixam-se de tempos de espera mais longos e da degradação dos serviços. De há um ano para cá há uma quebra na prestação dos cuidados de saúde no Hospital Beatriz Ângelo, que é transversal a todos os serviços.

Autarquia, sindicatos e Ordem dos Médicos admitem que há um antes e um depois na gestão do Hospital de Loures, com queixas da degradação dos serviços desde que está nas mãos do Estado.

Do ano passado para agora o orçamento do hospital subiu, de acordo com o Jornal Expresso: em 2022 custou 130 milhões, este ano mais seis milhões.

Apesar de ter dado provas de eficiência e de benefícios para as contas públicas, a parceria público-privada não avançou e agora volta a ser apontada como uma solução.

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