Questionado sobre o anúncio feito esta terça-feira pela coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), o Presidente Marcelo fez questão de deixar um cumprimento a Catarina Martins, mas defendeu que mudanças nos partidos fazem parte da “vida da democracia”. Mais ainda, enfatizou, num cenário de maioria absoluta.
“Não comento a vida dos partidos [mas] queria naturalmente dar uma palavra, a confirmar-se essa saída, de cumprimento à coordenadora do Bloco de Esquerda (BE). Foram sete anos em que pude dialogar com ela [Catarina Martins] praticamente, se não todas as semanas, com uma grande frequência”, afirmou Marcelo, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém.
Mas, prosseguiu, “faz parte da vida da democracia os partidos mudarem”, sobretudo perante uma “situação completamente nova nos últimos anos”: uma maioria absoluta.
“As oposições, de um lado e do outro, tem que se reformular. (…) Reformular significa terem de pensar qual é o seu papel no futuro, que alternativas oferecem (…). Com uma maioria absoluta, que não é poder absoluto, é preciso que os portugueses olhem e digam ‘temos aqui alternativas para o caso de nos sentirmos cansados’. E naturalmente é isso que todos os partidos estão a procurar [com] mudança de lideranças, revendo estratégias, apresentando novas propostas para o futuro”, justificou.
“No fundo é isso que se passa e era inevitável que se passasse”, concluiu o chefe de Estado.
Saída por “razões políticas”
“Comuniquei aos e às ativistas do Bloco de Esquerda que não serei candidata a coordenadora na próxima Convenção Nacional do Bloco [de Esquerda] , que se reúne em maio deste ano”. O anúncio foi feito por Catarina Martins na manhã desta terça-feira, em conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa.
No discurso recordou o percurso de dez anos na coordenação do Bloco, assinalando as vitórias e não esquecendo as derrotas. Em suma, concluiu, "um tempo extraordinário" que, em 2015, pôs "a direita fora do Governo" e "deu início à recuperação da vida de quem trabalha": “A geringonça foi o princípio do respeito”, salientou.
Quanto à razão da saída, Catarina Martins disse que neste momento, o “Bloco deve começar a preparação da mudança política que já aí está”.
“Neste tempo novo”, disse, “estarão os velhos fantasmas, os ódios racistas - retrato de uma política mesquinha - e os poderes de sempre, como a oligarquia que se alimenta da especulação financeira e urbanística”, mas também estará "a certeza de que é preciso virar à esquerda". Ela, Catarina, promete manter-se “em todas as lutas” futuras mas como deputada na Assembleia da República.