A greve dos professores, que se prolonga desde o fim do primeiro período do ano letivo, mantém-se esta semana mas de forma diferente. O protesto faz-se em alguns distritos por dia. Hoje, as cidades de Lisboa, Porto e Covilhã foram as protagonistas do descontentamento dos professores.
Esta segunda-feira, a greve marcou o distrito de Castelo Branco. Os dados da Fenprof mostram que teve uma adesão bastante significativa, acima dos 90%, e parou praticamente todas as escolas da região, com o apoio de oito organizações sindicais.
A avaliar pelas secundárias da capital de distrito, em que os alunos foram mandados para casa, os dados da greve confirmam-se.
Este protesto é organizado no âmbito duma estratégia vasta duma plataforma sindical. Mário Nogueira, representante da Fenprof, diz que não há impacto na estabilidade dos assuntos, nem há uma guerra sindical em curso.
Protestos quentes no frio de Gaia
Os professores protestaram também em Gaia com uma concentração em frente à Câmara Municipal. O motivo do protesto prende-se com problemas como a desigualdade com os colegas das ilhas que entram no quadro muito mais cedo.
Nos Açores, os professores ficam efetivos em meia dúzia de anos e depois podem facilmente pedir transferência para o continente e para a zona onde querem lecionar.
Assim, no Continente, exigem-se as mesmas regras das ilhas.
Os 4ºC que se faziam sentir às oito da manhã em Gaia não desmotivaram os professores, que continuam em luta. A eles juntaram-se os assistentes operacionais.
Para esta tarde está agendado um cordão humano na rotunda da Boavista, no Porto, a partir das 17:00.
Escola em Almada fechada
Em Almada, cerca 200 alunos de uma escola básica não tiveram aulas esta manhã. Pararam os professores, mas também os assistentes operacionais.
Para os pais, o dia começou marcado pela incerteza porque os avisos de greve surgem em cima da hora.
Os professores de Almada queixam-se da falta de condições e pedem aumentos salariais. As funcionárias dizem sentir-se à margem das negociações entre sindicatos e Governo.
Vera Gomes trabalha num centro de estudos e não pôde deixar esta manhã os quatro alunos que vinha trazer à escola.
O aviso de que a escola básica Marco Cabaço, em Almada, estaria fechada foi colocado ao início da manhã, mais ou menos à mesma hora em que os pais deixariam os filhos.
A greve foi organizada pelos assistentes operacionais, mas professores e coordenação da escola juntaram-se à luta.
Queixam-se ainda da falta de funcionários. Nesta escola, há apenas seis assistentes para quase 200 alunos. Esta é a já a segunda vez que estes assistentes fazem greve.
O S.TO.P. saiu sem acordo das negociações com o Governo, na passada sexta-feira, por considerar que não foram apresentadas propostas de melhorias para os auxiliares de educação.
O sindicato vai manter a greve dos professores pelo menos até fevereiro e tem uma manifestação convocada para o próximo sábado, em Lisboa.
As negociações falhadas… e a continuação das greves
A onda de greves mantém-se depois dos falhanço das negociações na semana passada. Mesmo assim, o ministro da Educação fez um balanço positivo.
O impasse permanece: os professores consideram que há muito mais para negociar.
A conferência de imprensa em que o ministro tornou pública a proposta enviada aos sindicatos foi antecedida das declarações do primeiro-ministro António Costa.
O apelo ao fim da greve não teve eco e os protestos mantiveram-se depois da ronda de negociações em mesas separadas, na quarta-feira passada, com a FNE, seguida de cinco outros sindicatos.
Na sexta, com a Fenprof e terminou com cinco independentes, entre eles o S.TO.P. que anunciou uma nova greve para dia 28, em Lisboa.
Entre as propostas que ainda não viram no papel estão:
- o descongelamento dos mais de 6 anos de trabalho
- mudanças no regime de mobilidade por doença
- o fim das quotas no 5º e 7º escalão
Mas o Governo propõe:
- mais vagas no 5º e 7º escalão
- áreas pedagógicas mais pequenas que evitem deslocações superiores a 50 km
- o vínculo de mais de 10 mil e 500 contratados
- menos burocracia
Esta semana, a Fenprof vai apresentar um parecer sobre a proposta do Governo, mas, durante o processo negocial, os sindicatos mantêm as greves e os protestos.
Não está descartada a possibilidade de serviços mínimos, numa altura em que, desde o início do 2º período, há todos os dias escolas fechadas e milhares de alunos sem aulas.