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Campo Maior com inundações em casas, algumas "quase até ao teto", devido à chuva

A Câmara vai acionar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, na sequência dos prejuízos causados nas últimas horas pelo mau tempo.

NUNO VEIGA

Lusa

Inundações em habitações, em algumas "quase até ao teto", em garagens e em vias públicas ou automóveis submersos são alguns dos danos que o mau tempo causou hoje em Campo Maior (Portalegre), revelou fonte camarária.

Contactada pela agência Lusa, a mesma fonte da Câmara de Campo Maior explicou que "caiu uma chuvada tremenda" na zona, o que provocou "muitas inundações".

"Temos aqui zonas baixas da vila que estão completamente alagadas e estamos a tentar resolver agora a questão, andamos no terreno a resolver os problemas", afirmou.

Para esta tarde está marcada "uma reunião de emergência do conselho municipal de proteção civil", indicou a fonte da autarquia.

Na rede social Facebook, circulam várias fotografias sobre as inundações de hoje na vila de Campo Maior, respeitando uma delas ao Largo da Alagoa, em que se vê um 'mar' de água barrenta, quase a chegar ao topo dos arcos das ruas e às varandas, com automóveis praticamente submersos.

"Esse é um largo em que a água chegou quase ao teto das casas e há garagens completamente submersas. A coisa complicou-se esta noite, complicou-se bastante", disse.

De acordo com a fonte, a câmara ainda está a "apurar todos os estragos", mas não tem registo de vítimas, embora admita que possa haver pessoas que "não deverão conseguir ficar em casa", devido à água que entrou nas habitações".

O mau tempo provocou também vários prejuízos no concelho de Monforte, segundo disse à Lusa o presidente do município, Gonçalo Lajem, que classificou a situação como "caótica".

"Em Monforte está uma situação absolutamente caótica desde as 04:00. Nós temos várias estradas cortadas, vários colapsos de estradas, pontões e muros", disse.

O autarca, que sublinhou que "não há vítimas nem desalojados", indicou ainda que há registo de várias inundações em casas, nomeadamente nas freguesias rurais de Vaiamonte, Santo Aleixo e no lugar de Prazeres.

"Há muitos prejuízos, vamos avaliar melhor nas próximas horas", acrescentou.

Numa nota publicada hoje na página do Comando Territorial de Portalegre da GNR na rede social Facebook, é indicado que, devido às condições climatéricas adversas, estão fechadas estradas nos concelhos de Arronches, Monforte, Elvas, Campo Maior, Avis, Crato, Portalegre e Castelo de Vide.

Já ao início da manhã, fonte da GNR disse à Lusa que o Itinerário Principal 2 (IP2), ao quilómetro 203, perto de Monforte, está cortado ao trânsito, por um troço da estrada se encontrar submerso devido ao mau tempo.

"Há diversas estradas no distrito que apresentam dificuldades", disse a mesma fonte da GNR, que apelou ao cuidado dos automobilistas e à circulação "estritamente necessária".

Câmara vai acionar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil

A Câmara de Campo Maior (Portalegre) vai acionar o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, na sequência dos prejuízos causados nas últimas horas pelo mau tempo, disse hoje à agência Lusa o autarca, Luís Rosinha.

"Nós vamos fazer uma reunião às 14:30 para ativação do Plano Municipal de Emergência", disse, referindo que os moldes concretos que vão ser acionados serão definidos na reunião.

O autarca, que classificou a situação vivida em Campo Maior como "dantesca", disse ainda que, na sequência do mau tempo, foram encerradas escolas naquele concelho.

"Neste momento, não tenho a avaliação do número de ocorrências desta manhã, mas há aqui um cenário critico na zona da Alagoa, uma zona mais baixa da nossa vila, em que ficaram inundadas várias habitações", relatou.

Luís Rosinha apelou ainda à calma, mas ao mesmo tempo manifestou-se "preocupado" com a chuva que poderá surgir nas próximas horas.

A zona do largo da Alagoa, em Campo Maior, é um dos pontos mais afetados pelo mau tempo, havendo registo de inundações em várias habitações e carros submersos.

Nuno Martins, 56 anos, reside nesse largo e, em declarações à Lusa, relatou que "nunca" tinha assistido a uma "tragédia" como a que ocorreu esta manhã naquela vila alentejana.

"Nunca vi uma tragédia como a de hoje. A partir das 06:00 começámos a ouvir gritos e isto foi numa fração de segundos, ficaram logo 10 ou 12 carros a boiar", contou.

O morador explicou que ainda conseguiu retirar as suas viaturas da garagem, mas a chuva não deu tréguas, tendo a garagem ficado com água "até dois metros de altura" pouco tempo depois.

Segundo Nuno Martins, ainda "há muitos prejuízos a registar" naquela zona de Campo Maior.

"Nunca vi nada assim, pessoas de idade com água até aos ombros, a força da água não deixava abrir as portas, [vivemos] momentos difíceis", admitiu.

Vanda Coelho, de 33 anos, também reside naquele largo em Campo Maior e, em declarações à Lusa, disse que a sua habitação está "cheia de água" e tem o mobiliário "todo estragado", tal como os eletrodomésticos.

"Demos por isto por volta das 06:30. Ficámos cheios de água, eu e o meu marido tivemos que nos juntar à porta de casa, que a força da água até com isso rebentou", relatou.

Portalegre está hoje em alerta vermelho, colocado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), enquanto os outros distritos alentejanos, de Beja e Évora, estão em alerta laranja devido ao mau tempo.

A Proteção Civil alertou, na segunda-feira, para possibilidade de inundações e aumento dos caudais dos rios nos distritos de Leiria, Setúbal, Lisboa, Évora, Santarém e Portalegre,

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