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Isaltino Morais "nada arrependido" garante que Câmara de Oeiras "não pagou um tostão a mais"

O presidente da Câmara Municipal de Oeiras está a ser acusado de prevaricação de titular de cargo político num novo processo.

Lusa

SIC Notícias

"Não fui apanhado de surpresa total." Estas foram das primeiras palavras ditas por Isaltino Morais após a SIC ter noticiado, esta quinta-feira, que está a ser acusado de prevaricação num novo processo.

O Ministério Público acusa o presidente da Câmara Municipal de Oeiras de ter beneficiado uma empresa de construção civil em várias parcerias público-privadas, que terão lesado a autarquia em milhões de euros.

Na acusação é escrito que era intenção de Isaltino Morais realizar obras de grande envergadura, para mostrar obra feita e ter maior probabilidade de ser reeleito nas eleições autárquicas de 2009.

O presidente da Câmara de Oeiras, esta sexta-feira, explicou que este processo remete a 2007, quando as "parceria público-privadas estavam na moda", e a Câmara de Oeiras alinhou nessa "moda" juntamente com outras câmara municipais.

Isaltino Morais diz-se “nada arrependido”, dando como justificação as escolas e lares construídos na altura. Assegura que houve concurso público de acordo com o que estava estabelecido na lei e garante que na Câmara Municipal de Oeiras "nunca um presidente ou vereadores fizeram parte de qualquer júri".

"Houve concurso público, os concursos públicos são idóneos, o júri é independente."

Na acusação, o Ministério Público (MP) fala de concursos viciados, moldados à imagem da MRG, a empresa escolhida para as obras, e anunciados com prazos “muito curtos”, para dificultar os concorrentes.

Isaltino Morais diz que na acusação não viu nenhuma acusação ao júri, nega que a empresa escolhida tenha sido beneficiada e afirma que nunca tinha trabalhado com o município de Oeiras.

Isaltino Morais recorda que foram constituídas duas empresas veículo - a Oeiras Expo e a Oeiras Primus. Esta última foi responsável pela construção de duas escolas e dois lares e conseguiu entregar as obras. Já a Oeiras Expo, incumbida entre outras obras de fazer o Centro de Congressos, não chegou a conclui-lo: "Em 2008-2009, na sequência do suprime, a Caixa Geral de Depósitos falhou o financiamento ao parceiro privado".

"A partir desse momento as PPP estavam goradas", disse o presidente da Câmara.

O autarca garante que o município de Oeiras "não pagou um tostão a mais do que aquilo que tinha a pagar" e do ponto de vista da lei "cumpriu rigorosamente tudo".


Isaltino Morais é acusado de prevaricação de titular de cargo político. O crime, que vai de dois a oito anos de prisão, é apontado também a Paulo Vistas, antigo vice-presidente.

De "consciência tranquila", diz que não houve buscas na sua casa nem no seu gabinete, o que para ele "demonstra que o Ministério Público considerou que o Presidente da Câmara era irrelevante neste processo".

Admite ter concordado com a "realização das ditas parcerias público-privadas", mas “a partir da constituição não acompanhou mais esse assunto”, assegurando que a autarquia não foi lesada nestas parcerias sob investigação.

A construtora envolvida, sediada em Seia, mas com os escritórios principais em Coimbra, tem estado a ser julgada pelo mesmo tipo de esquema, num processo de corrupção que envolve o eurodeputado e antigo autarca de Gouveia, Álvaro Amaro, o atual presidente de Câmara de Alcobaça e o antigo dirigente de Trancoso.

Quanto a um dos construtores envolvidos, Isaltino Morais explica que depois de ter falido lhe pediu, em "determinado momento", um "contacto em Moçambique para constituir uma empresa": "E eu arranjei", disse.

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