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Moedas não fecha a porta às legislativas e aponta prazo para novo aeroporto

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa fez um balanço do primeiro ano de mandato. Admitiu dificuldades numa autarquia onde não tem maioria e falou das medidas aprovadas. Sobre o aeroporto, Moedas garante que vai estar na mesa das negociações.

SIC Notícias

Um ano depois de ter sido eleito para presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas faz um balanço do mandato. Dos 12 pontos que prometeu durante a candidatura, o autarca destaca as medidas que concretizou e as que estão em curso. Reconhece as dificuldades com a oposição, mas recusa estar “desgastado”. Sobre a corrida a São Bento, Moedas diz não ser tempo para essa questão, pois não é um “político profissional”.

“Penso que foi um ano de grandes concretizações, de decisões e foi um ano de estar na rua. Eu digo sempre que o meu gabinete é na rua, a resolver os problemas das pessoas”, afirma Moedas.

A gratuitidade dos transportes continua a ser uma bandeira de Carlos Moedas. E esta medida que refere logo quando começa o balanço. Indica também a descida do IRS como uma das oito medidas que “estão ou em concretização ou que já foram realizadas”.

“Falta o plano de saúde, que vamos concretizar em outubro – se tudo correr bem. Falta também uma, que é muito importante para os jovens que querem comprar casa, que é a da isenção do IMT para jovens até aos 35 anos que comprem uma casa para viver nela.”

Numa Câmara onde não tem maioria, Carlos Moedas reconhece alguma dificuldades, mas garante que este ano que passou serviu par a “desbloquear muita coisa que estava bloqueada”. Não está “desgastado” e admite que já se “exaltou” quando os adversários políticos não seguem “o caminho das pessoas”.

“No fundo, eu estou aqui para as pessoas. Realmente quando eu estou oito horas numa reunião em que a única missão daquelas pessoas durante a reunião é desgastar-me fisicamente, é estar sempre do contra, é não resolver, realmente há momentos em que eu tenho que dizê-lo.”

Apesar de ter enumerado as conquistas alcançadas no primeiro ano de mandato, Moedas reconhece que há questões “estruturais” que ainda não foram possíveis resolver. Uma delas é a recolha do lixo: Carlos Moeda vangloria-se de ter contratado “200 cantoneiros e motoristas”, mas afirma a organização entre a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesias está a criar “problemas”. E por isso pede desculpa: “Eu gostava que os lisboetas percebessem que o que eu não consigo mudar em quatro anos é estruturalmente.”

Medidas anti-inflação e apoios aos lisboetas

Carlos Moedas considera que o “Estado não está a fazer tudo” para ajudar os cidadãos a lutar contra a subida da inflação e, por isso, as autarquias vão ter de intervir. A Câmara de Lisboa vai disponibilizar 50 milhões de euros “para poder ajudar as pessoas nesta época tão difícil”, travando a subida da rendas das casas e congelando as taxas da câmara Municipal

Além disso, o presidente da capital anunciou que vai atribuir cheques de 1.500 euros a famílias carenciadas e implementar um apoio para os habitantes de lisboa que estejam a pagar rendas “muito caras”: “Vou limitar a renda a casais jovens e outros casais que tenham dificuldade a 30% do seu rendimento para que eles possam respirar”, explica.

A habitação – um dos grandes problemas do município – é uma prioridade para Moedas. O autarca reconhece a resolução do problema é um dever da Câmara Municipal, afirmando que a autarquia tem de ser “muito mais eficiente”. Desafia também os privados e as cooperativas a juntarem-se nesta luta pela habitação e por um “equilíbrio” na capital.

Sobre o alojamento local, Moedas quer “respeito” e “fiscalização: “Nos bairros há muito desrespeito no alojamento local, as pessoas queixam-se do barulho, queixam-se do que é o alojamento local”, afirma, sublinhando a importância deste negócio para as famílias. Por essa razão, considera “injusto” que haja políticos que queiram “proibir o alojamento local em toda a cidade”.

“Não podemos diabolizar partes da economia: a economia é um puzzle que só funciona se todas as partes estiverem a fazer o seu trabalho. Qualquer tipo de proibição e de ataque, de certa forma, à propriedade privada, é também um ataque à democracia.

“Estou no melhor da minha carreira”

Carlos Moedas considera estar “no melhor” da sua carreira e garante que a sua presença na Câmara Municipal é “de corpo e alma” para “ajudar os lisboetas” e “mudar a cidade para muito melhor".

“Sinto que estou num fato à medida do que eu sempre quis fazer”, garante

Quanto a uma possível candidatura às eleições legislativas, Moedas não se compromete. Mas, também não fecha a porta. Diz não saber o que vai fazer daqui a cinco anos porque não é um “político de profissão”.

“É uma pergunta que está fora do seu tempo. Penso que o que os lisboetas querem é que eu faça este mandato”, responde, afirmando não ser “um político igual aos outros". “Talvez um político profissional estivesse a pensar daqui a cinco anos, onde estou e o que vou fazer. Eu não consigo. A minha ambição é ajudar as pessoas.”

O aeroporto e as “coerência” do PS

Carlos Moedas já tinha dito que não ia abdicar de um lugar à mesa da negociação para a localização e construção do novo aeroporto de Lisboa. Esta segunda-feira, voltou a frisar essa intenção. O autarca afirma que, como representante dos lisboetas, tem interesse em encontrar uma solução o mais rapidamente possível.

“Para mim, o primeiro critério é a rapidez. Não vamos chegar a 2024 ou a 2025 sem decidir o aeroporto, isto é uma vergonha. Eu vou fazer essa pressão”, diz, apontando o final de 2023 como data limite para se decidir o local.

O autarca sublinha ainda que, sendo um aeroporto internacional de Lisboa, deverá estar próximo da capital e mostrou-se “o mais aberto possível” para analisar todas as soluções.

“Contem comigo para estar sentado à mesa para defender a rapidez na solução e quando tivermos uma solução eu vou estar do lado da solução”

Sobre as medidas anti-inflação do Governo, nomeadamente das pensões, Carlos Moedas não quis fazer comentários. Criticou, no entanto, a falta de “coerência” do PS, depois de ter criticado medidas do Executivo de Passos Coelho – do qual Moedas fez parte.

“O PS é que deveria ser coerente quando atacou tanto o que era a reforma [da Segurança Social] daquela altura, que tinha sido proposta por um Governo que eu fiz parte e hoje esteja – e não sou eu como presidente da Câmara que vou fazer esse comentário – a fazer cortes nas pensões. Eu acho que a coerência é dos dois lados e a coerência do Governo também deve ser de explicar às pessoas o que está a fazer”, afirma.

Moedas defende a criação de riqueza e a diminuição dos impostos para que seja possível "ter uma situação em que não precisamos cortar nem pensões nem salários para os nosso filhos, nunca mais”.

“As dificuldades que passamos só não se repetem se conseguirmos dar uma maior liberdade à economia, reduzindo os impostos das pessoas e criando maior riqueza”, remata.

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