O empresário português Mário Ferreira disse esta sexta-feira, em entrevista na Edição da Noite da SIC Notícias, que não tem “receio de nada” e que “está ser vítima de um ataque sem precedentes”, depois da polémica com os financiamentos do PRR à holding do empresário e do caso do navio Atlântida.
Mário Ferreira começou por explicar que os subsídios atribuídos às suas empresas estão relacionados com “mérito” e que não concorda quando é associado à palavra “offshore”.
“Se um projeto não tiver mérito, não há fundo perdido”, disse.
“Desde 2018 não temos nenhuma candidatura a fundos europeus, foram todas antes”, afirmou.
Sobre o facto da Pluris Investments ficar com a maior fatia dos apoios dos fundos de capitalização do Banco Português de Fomento para empresas afetadas pela pandemia, Mário Ferreira recusou a interpretação feita.
“São 52% dos [apoios] atribuídos (...). Foram 40 milhões de euros, podiam ter ido até 100 milhões (...) O limite pode ir até 100 milhões por empresa (...). Ninguém está a dar nada a ninguém”, afirmou.
O empresário disse que “12 empresas, e só 12 nesta fase, tiveram mérito suficiente o crivo difícil que é matemático e independente para se poderem candidatar”.
“A verdadeira notícia é que 300 e tal milhões de euros ficaram por usar e correm o risco de ter que ser devolvidos. Se não forem usados, vão ser devolvidos”, afirmou.
“O Banco de Fomento pediu para nós darmos uma garantia real de 30%, que são 12 milhões de euros. Nós temos que dar uma hipoteca e uma garantia real para este empréstimo”, explicou ainda.
Mário Ferreira afirmou que o “dinheiro será auditado pelo Tribunal de Contas Europeu e em Portugal que é para a Mystic Invest e só para turismo”.
“Este financiamento só é atribuído a quem prove que a diferença das perdas entre 2020 e 2021 é substancial e tem que ser mensurável", explicou.
Sobre se o dinheiro que a holding vai receber poderá ser usado na empresa de comunicação social, o grupo da Media Capital que envolve a TVI, o empresário falou em receitas.
“A TVI recebeu 70 milhões de euros da venda das rádios. Neste momento, o grupo Media Capital é o grupo mais bem capitalizado do país”, disse.
Caso do navio Atlântida
A empresa Douro Azul de Mário Ferreira foi alvo de buscas na quarta-feira por suspeitas de fraude fiscal e branqueamento. Em causa está uma investigação ao negócio de compra e venda do navio Atlântida, que já tinha dado origem a buscas há seis anos. O empresário foi constituído arguido no caso.
Sobre este assunto, Mário Ferreira começou por explicar que “não há nenhum tipo de acusação” e que “está a ser investigado porque qualquer carta ou qualquer acusação, seja ela anónima ou não, tem que ser investigada”.
O empresário falou nas buscas em 2016 e disse que “durante todos estes anos não me quiseram ouvir, nunca me fizeram perguntas”.
“Não existe nenhuma irregularidade”, afirmou.
Questionado se o lucro que teve no negócio do navio Atlântida foi de 10 milhões de euros, respondeu que não teve lucro porque teve “que fazer um investimento de vários milhões”.
Mário Ferreira também explicou a sua ligação a Malta.
“Malta é o maior centro de registo de navios do mundo, é o centro do mundo para os ferries, é lá que devemos estar”.
“Empresário do regime?”
Mário Ferreira recusou-se a ser considerado um “empresário do regime” ao ser questionado pelas suas ligações próximas a personalidades do mundo da política.
“Nunca tive nenhuma filiação política”, concluiu.