Na noite de São João, há uma festa na freguesia de Monforte da Beira, no concelho de Castelo Branco, na qual os moradores têm a tradição de acender fogueiras e cavalgar pelo meio das chamas.
A denúncia foi feita esta terça-feira pela organização Coimbra Animal Save, nas redes sociais, e está a gerar polémica.
"E com estas fotos documentamos mais uma 'festa' que se realiza no nosso país em honra de um santo, em nome da religião. Festa não é certamente para os cavalos obrigados a saltarem por cima das chamas. Crianças ensinadas a verem os animais como algo que está ali disponível para se usar e abusar, dessensibilizadas para o sofrimento dos outros. São estas as nossas tradições", escreveu a organização numa publicação feita no Instagram.
Também a Intervenção e Resgate Animal (IRA) já reagiu, dizendo que a exposição a elevadas temperaturas cria "sofrimento aos animais".
"À semelhança com a (agora) proibida tradição de atear fogo a um poste com um gato no topo, existem portugueses que continuam a comportar-se como autênticos selvagens simplesmente porque a legislação que temos é uma vergonha", acrescenta.
Mas a situação está a dividir opiniões: uma das participantes naquela tradição defendeu, nas redes sociais, que as imagens são chocantes porque "quem captou o momento não é um amador e conseguiu naquela fração de segundos captar o conjunto 'cavalo, chama e duas pessoas no meio da fogueira'".
"Foi uma fração de segundos, o cavalo está bem, não sofreu nenhuma queimadura (tanto está que no dia seguinte esteve nas duas procissões e como puderam ver não tinha um único arranhão), escusado será dizer que as duas pessoas também não", disse ainda.
"Por amor de Deus!! Alguém que pare com estas atrocidades! É simplesmente triste e vergonhoso", disse outra internauta.
A Câmara Municipal de Castelo Branco partilhou, nas redes sociais, o programa da festa de São João em Monforte da Beira.
Contactada pela SIC Notícias, a Câmara Municipal de Castelo Branco confirma que apoia o evento, mas apenas na "elaboração e divulgação do cartaz dos festejos de São João Baptista em Monforte da Beira".
Questionada sobre a polémica, a autarquia recusa responsabilidades, tendo em conta que não foram "identificadas verdadeiras situações de sofrimento cruel e prolongado, infligido aos animais envolvidos, ou a exigência de esforços ou atuações que pudessem estar, de forma evidente, além das suas capacidades e possibilidades, ou que os mesmos mostrassem, de forma óbvia, incapacidade para as realizar".
Mais, "não foi registada qualquer participação, ou reportadas quaisquer evidências, de que, do evento e da prática das tradições que lhe estão associadas, tenha resultado a morte, lesões graves ou sofrimento cruel e prolongado de qualquer dos animais envolvidos", pode ler-se nas respostas enviadas por escrito à SIC Notícias.