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O “pedido de desculpas” de Pedro Nuno Santos: “É bizarro” e “trágico para a imagem do Governo”

A análise de Bernardo Ferrão e Ângela Silva às declarações do ministro das Infraestruturas.

Ângela Silva

Bernardo Ferrão

Bernardo Ferrão da SIC e Ângela Silva do Expresso analisaram esta quinta-feira as declarações de Pedro Nuno Santos em que assumiu a responsabilidade pelos “erros de comunicação” que resultaram na polémica sobre o novo aeroporto de Lisboa.

PEDRO NUNO SANTOS “PASSA A SER UM MINISTRO DIMINUÍDO”

Bernardo Ferrão começou por dizer que “é preciso alguma reflexão sobre isto. Eu próprio sinto-me corado pelo próprio ministro Pedro Nuno Santos pela forma como ele teve de assumir algo que para mim é completamente bizarro”.

É bizarro em todos os sentidos. Como é que ele ontem [quarta-feira] agiu à revelia do primeiro-ministro? Como é que o primeiro-ministro não se sentiu minimamente beliscado com isso ou sente-se, porque faz uma coisa única que é mandá-lo revogar um despacho, mas apesar disso o ministro mantém se no cargo. Isto é o mundo virado ao contrário. Acho que não faz sentido nenhum manter um ministro como o Pedro Nuno Santos (…) porque ele perde completamente o valor de autonomia política que ele tinha (…). Acho que passa a ser um ministro diminuído e com uma corda ao pescoço”, disse Bernardo Ferrão da SIC.

Sobre a reação de António Costa, Bernardo Ferrão considerou que “apesar de ter mostrado a sua autoridade mandando revogar um despacho (…), perde alguma dessa autoridade, porque não consegue impor uma demissão do ministro que fez algo que não estava combinado. Embora o Pedro Nuno Santos tenta amarrar sempre António Costa a isto tudo”.

ANTÓNIO COSTA “NÃO QUIS DEIXAR PEDRO NUNO SANTOS À SOLTA”

Ângela Silva do Expresso afirmou que “isto era muito cómico, se não fosse trágico. Acho mesmo que isto é trágico para a imagem do Governo. É trágico quer para Pedro Nuno Santos, quer para António Costa. Porque António Costa fez tal coisa que foi revogar um despacho, desautorizar o ministro e dizer que era ele – primeiro-ministro – a quem lhe competia garantir a unidade e a corresponsabilidade dentro do Governo (…). Um primeiro-ministro que reconhece isto e que mantém um ministro no Governo dá a impressão que tem medo de Pedro Nuno Santos, dá a impressão que não quis deixar Pedro Nuno Santos à solta

“Pedro Nuno Santos é o candidato à sucessão de António Costa, já se sabe que é um político que tem divergências – mesmo de carácter político – sobre o posicionamento do PS na política portuguesa relativamente a António Costa. A ideia que dá é que António Costa acha que ele cometeu um erro grave e por isso revogou um despacho sobre uma obra que é estratégica, não estamos a falar de uma coisinha, estamos a falar do novo aeroporto de Lisboa”, disse Ângela Silva.

Ângela Silva do Expresso concluiu dizendo que “Pedro Nuno Santos à solta ia seguramente fazer uma oposição muito ativa ao próprio Governo” e que “ele fez uma declaração que é um pedido de desculpas”.

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