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“Cartas da Nigéria”: PJ deteve 16 membros de rede criminosa de burlas internacionais

Esta organização criminosa atuava, pelo menos, desde 2019, tendo lesado em milhões de euros cidadãos dos EUA, Suíça, França, Noruega, México, Alemanha e Polónia.

No âmbito de uma operação coordenada pela Europol, que envolveu autoridades espanholas, britânicas e americanas, a Polícia Judiciária (PJ) deteve 16 pessoas de nacionalidade estrangeira membros de uma organização criminosa que se dedicava à prática de burlas qualificadas, comummente designadas por “cartas da Nigéria”.

A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, informa, esta terça-feira, que “participou numa operação conjunta com as autoridades espanholas, britânicas e americanas, coordenada pela EUROPOL”. O objetivo da operação Inheritance era o “desmantelamento de uma organização criminosa que se dedicava à prática de burlas qualificadas, comummente designadas por ‘cartas da Nigéria'”.

Em território nacional, lê-se no comunicado enviado às redações, a PJ realizou “26 buscas, domiciliárias e não domiciliárias”, tendo sido “detidas 16 pessoas, 13 homens e três mulheres, estrangeiros, com idades compreendidas entre os 26 e os 53 anos“. Em causa estão “crimes de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documentos e branqueamento“.

Na sequência das buscas foram apreendidas “dezenas de milhares de cartas, etiquetas, impressoras e diverso equipamento informático utilizado na produção das cartas, além de telemóveis e numerário”.

Os detidos foram presentes às autoridades judiciárias competentes, tendo a “14 deles sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva“.

Segundo a PJ, a atividade criminosa era desenvolvida, pelo menos, desde 2019, tendo sido lesados em “milhões de euros” cidadãos de vários países, entre os quais EUA, Suíça, França, Noruega, México, Alemanha e Polónia.

O modus operandi

modus operandi desta organização internacional assentava, de acordo com a PJ, “no envio massivo de cartas para os mais diversos países, redigidas em variadas línguas e supostamente remetidas por escritórios de advogados, invocando a existência de uma herança de que seriam beneficiárias, na ordem dos vários milhões de euros, devido ao falecimento de um seu familiar, residente em Portugal“.

Depois da resposta à carta, era pedido às vítimas, “maioritariamente idosos, o envio de documentação diversa, designadamente cópia do respetivo documento de identificação, entre outros dados pessoais”.

De forma a credibilizar os contactos, as vítimas recebiam documentos supostamente emitidos por autoridades públicas nacionais, com selos, carimbos e assinaturas falsas, bem como por diferentes instituições bancárias, tanto nacionais, como internacionais“.

As vítimas era depois solicitadas ao “pagamento sucessivo de montantes diversos, a titulo de custos relacionados com seguros, taxas bancárias/administrativas e impostos”.

Com a utilização de um modus operandi em tudo similar, eram igualmente remetidas cartas respeitantes a um suposto prémio monetário de que as vítimas haviam sido vencedoras, voltando a ser exigidos pagamentos diversos“.

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