País

Eduardo Cabrita "polémico saiu incapaz de resolver problemas das polícias"

Reação do presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.

ANTÓNIO COTRIM

Lusa

A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP) defendeu esta sexta-feira que a demissão do ministro da Administração Interna responde a um calendário eleitoral e que sai do Governo alguém que demonstrou "incapacidade" de resolver "problemas concretos" das polícias.

Em declarações à Lusa, a propósito da demissão do ministro Eduardo Cabrita, anunciada esta sexta-feira pelo próprio numa declaração aos jornalistas em Lisboa, o presidente da ASPP, Paulo Santos, disse que a reação da associação sindical não se centra "apenas na figura" do ministro demissionário, "mas, sim, numa avaliação política que se faz durante estes anos daquilo que foi a política do próprio ministro".

"Aquilo que dizemos é que o senhor ministro Eduardo Cabrita durante algum tempo esteve envolvido em muitas polémicas, criou uma imagem negativa junto dos polícias, da população em geral, mas mais importante do que isso foi a incapacidade que teve de resolver os problemas concretos dos polícias e da PSP. Desse ponto de vista, mais importante que a pessoa que veste o casaco de ministro é aquilo que são as políticas dos sucessivos governos para a área da segurança pública e para a resolução concreta dos problemas dos polícias", disse Paulo Santos.

Do próximo ministro e do próximo Governo a ASPP espera "capacidade política para resolver problemas concretos das polícias", como as tabelas remuneratórias, o subsídio de risco - aprovado com valores que desagradaram aos profissionais - entre outras matérias em aberto.

Paulo Santos disse que o pedido de exoneração do cargo, já aceite pelo primeiro-ministro, António Costa, "não é nada que admire" a ASPP, "tendo em conta a imagem que o mesmo transmitia cá para fora e pelos episódios em que esteve envolvido" e enquadra a demissão no calendário eleitoral que se avizinha.

Já o Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP), em reação escrita enviada à Lusa, recorda que "há muito" tinha pedido a demissão do ministro "por nada resolver no que diz respeito à PSP".

"A política desenvolvida foi deixando arrastar os problemas que afetam os policias sem soluções. [...] nada fez para que as agressões aos policias cessem, continuam a aumentar dia após dia e sem fim à vista; os suicídios infelizmente continuam; não conseguiu cativar jovens para ingressar na instituição, vagas dos concursos nunca são preenchidas; conseguiu impor um valor ridículo como compensação do risco", defendeu o presidente do SPP, Mário Andrade.

Acrescenta ainda que Eduardo Cabrita "iniciou muitas negociações, mas não terminou um processo negocial", dando o exemplo da revisão de subsídios e suplementos na PSP.

Eduardo Cabrita demitiu-se esta sexta-feira do cargo de ministro da Administração Interna, seis meses depois do acidente mortal provocado pelo carro em que seguia, terminando um mandato marcado por várias polémicas que desgastaram a sua imagem.

O motorista de Eduardo Cabrita foi esta sexta-feira acusado de um crime de homicídio por negligência no acidente de 18 de junho de 2021 em que foi atropelado na autoestrada A6 um trabalhador que fazia a manutenção da via na zona de Évora. A acusação pelo Ministério Público (MP) precipitou a demissão de Eduardo Cabrita, que já era pedida regularmente por várias forças políticas.

Após mais de cinco meses de silêncio quase total sobre o caso, Eduardo Cabrita deixou passar apenas algumas horas sobre a acusação do MP até à decisão de apresentar a demissão do cargo, hoje anunciada ao final da tarde numa declaração aos jornalistas sem lugar a perguntas.

António Costa disse hoje ter aceitado o pedido de demissão de Eduardo Cabrita do cargo de ministro da Administração Interna e que "nos próximos dias" indicará o nome do sucessor.

SAIBA MAIS

Últimas