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Deputada quer saber quanto dinheiro recebeu o setor tauromáquico em 2020

Cristina Rodrigues fala em injustiça para com os trabalhadores da cultura que "foram excluídos dos apoios" ao setor.

Deputada não inscrita Cristina Rodrigues.
JOSÉ SENA GOULÃO

Lusa

A deputada não inscrita Cristina Rodrigues quer saber quanto dinheiro foi atribuído ao setor tauromáquico em 2020 e fala em injustiça para com os trabalhadores da cultura que "foram excluídos dos apoios" ao setor.

"No total, durante todo o ano de 2020, qual foi o valor que foi atribuído como apoio ao setor tauromáquico? E no primeiro semestre de 2021?", questiona numa pergunta dirigida hoje, através do parlamento, à ministra da Cultura.

Nesse documento, divulgado aos jornalistas, Cristina Rodrigues cita dados da Plataforma Basta de Tourada e refere que "nos primeiros meses de 2021 foram atribuídos 234.144,5 euros de fundos comunitários para a realização de touradas em Portugal".

"Tem o Governo intenção de continuar a apoiar um setor que se baseia no sofrimento animal, algo que vai contra os princípios de respeito e bem-estar animal que supostamente o Estado português defende?", pergunta também.

De acordo com a deputada, "este apoio foi atribuído através do Compete 2020 no âmbito do programa 'Garantir Cultura' que foi criado precisamente como apoio à atividade cultural que foi fortemente afetada pela pandemia provocada pela covid-19".

"Com este valor foram financiadas touradas em Elvas, Beja, Salvaterra de Magos, Évora e Reguengos de Monsaraz, através de cinco empresas que beneficiaram deste apoio financeiro", acrescenta a parlamentar, indicando que, "segundo a referida associação, das cinco empresas beneficiárias, quatro são empresas tauromáquicas, e a quinta (Troféuganho Lda.) ao invés do CAE 93291 -- Atividades tauromáquicas, tem o CAE 90020 - Atividades de apoio às artes do espetáculo".

Apontando que "esta última empresa terá recebido 50.000 euros para a organização de uma tourada" e que, "tendo em conta o seu CAE existem dúvidas sobre a sua habilitação para o efeito", Cristina Rodrigues pergunta ao Governo se "foi verificado" que a empresa "efetivamente está habilitada a organizar este tipo de eventos".

A deputada não inscrita refere que "a tauromaquia não é uma atividade consensual em Portugal, para além de colocar evidentemente em causa o bem-estar animal" e considera ser "surpreendente que, num contexto pandémico que provocou o agravamento da crise económica e afetou especialmente o setor e os agentes da cultura, esteja a ser destinado apoio à atividade tauromáquica".

"Esta situação ganha especial relevância quando - injustamente - tantos artistas e trabalhadores da cultura foram excluídos dos apoios atribuídos ao setor", defende igualmente.

Cristina Rodrigues (ex-PAN) critica ainda o "desinvestimento crónico" e os apoios "insuficientes" para o setor cultural e assinala que "a pandemia veio evidenciar ainda mais as suas fragilidades".

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