A greve dos enfermeiros em blocos operatórios chega hoje ao fim, uma paralisação que durou mais de um mês, colocou o setor da saúde em convulsão e provocou o adiamento de mais de 10 mil cirurgias, segundo os sindicatos.
A greve foi convocada por duas estruturas sindicais, mas depois de o movimento “greve cirúrgica” ter já iniciado a recolha de fundos que conseguiu recolher mais de 360 mil euros.
Iniciada a 22 de novembro, a greve abrangeu cinco centros hospitalares: Centro Hospitalar S. João (Porto), Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.
Em declarações à agência Lusa, Lúcia Leite, presidente de um dos sindicatos que convocou a greve, disse que os sindicatos deixaram de contabilizar diariamente as cirurgias que foram sendo adidas, mas que tomam como referência a média diária dos primeiros dias, que foi de 500 operações canceladas ou adiadas.
Multiplicando pelos dias úteis de greve, a paralisação afetou mais de 10 mil operações programadas, incluindo casos de operações a doentes oncológicos.
O adiamento de cirurgias motivou alertas, avisos e manifestações de preocupação entre vários atores da área da saúde.
Os administradores hospitalares denunciaram que haveria doentes em situações críticas com cirurgias adiadas, considerando o panorama “extremamente grave”.
A Ordem dos Médicos também alertou para doentes prioritários que não estariam a ser operados e insistiu que os hospitais deviam divulgar os casos dos doentes com cirurgias adiadas. A Ordem chegou a fazer esta exigência às administrações das unidades de saúde recorrendo à legislação que obriga a facultar dados e documentos administrativos.
Da parte do Governo, a ministra da Saúde considerou desde logo, mesmo antes do início do protesto, que a greve era “extraordinariamente agressiva”, mas foi recusando negociar com os sindicatos que convocaram a paralisação enquanto esta decorria.
Entretanto, para quinta-feira, já sem greve a decorrer, os dois sindicatos têm uma reunião negocial com o Governo, mas há já novas paralisações.
Entre as reivindicações dos enfermeiros estão a criação de uma categoria de especialista na carreira, a antecipação da idade da reforma e melhoria de condições no Serviço Nacional de Saúde.
Lusa