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Nuno Crato diz que avaliação às unidades de investigação é para continuar

O ministro da Educação e Ciência vincou hoje que a avaliação às unidades de investigação, em curso, é para continuar nos moldes atuais e prometeu incentivos financeiros, em 2015, para os centros chumbados se restruturarem.

LUSA

Nuno Crato disse, em declarações à agência Lusa, que a avaliação, contestada  por 128 de 322 centros submetidos a financiamento, está a decorrer de acordo  com as regras estipuladas nos regulamentos tornados públicos, e que, como  ressalvou, preveem correções nas avaliações, sempre que se justificarem.

O titular da pasta da ciência adiantou que o Governo tem disponível,  para o próximo ano, um programa de incentivos - Incentivo 2015 - no valor  de seis milhões de euros para que as unidades de investigação, que ficaram  sem fundos na totalidade ou de forma significativa, mas com "potencial histórico  e elevada qualidade", se possam restruturar e melhorar a sua nota na próxima  avaliação, intercalar, em 2017, e assim se candidatarem a financiamento  suplementar. 

Segundo o ministro, a avaliação em curso segue "as melhores práticas  internacionais", não define quotas de aprovação de instituições - "não há  quotas estabelecidas" - e reflete os resultados da avaliação de 2007, estando  a cargo de uma entidade externa - a Fundação Europeia para a Ciência - "acima  de toda a suspeita e com experiência de 40 anos". 

"Há um processo que se iniciou com determinadas regras, e esse processo  vai acabar com essas regras. As regras permitem que o próprio processo seja  retificado ao longo do seu caminho, ou seja, os próprios painéis podem verificar  que se enganaram, num caso ou noutro, e, tendo-se enganado, podem rever  as suas classificações", afirmou, assinalando que a avaliação "tem regulamentos  desde o início, que foram sujeitos a uma discussão pública". 

Nuno Crato apontou que os centros de investigação foram avaliados por  peritos internacionais, e não por pares dos laboratórios associados, como  em 2007, e que a avaliação teve contraditório e foi homologada por um painel  de avaliação da respetiva área científica. 

Para o ministro, na primeira fase de avaliação, que eliminou quase metade  das unidades de investigação do grosso do financiamento, decorrendo a apreciação  dos recursos, "é perfeitamente possível ter uma ideia muito clara da ciência  envolvida e da sua repercussão internacional", com base no número de patentes  desenvolvidas, artigos publicados e citados e de participações em congressos,  sendo, por isso, dispensável as visitas aos centros. 

Crato admitiu "ajustamentos ao contrato" com a Fundação Europeia para  a Ciência, caso se justifiquem, advogando que os resultados da primeira  fase de avaliação, conhecidos em finais de junho, são quase semelhantes  aos obtidos na avaliação de 2007, em que "17 por cento das unidades não  foram financiadas e, sete anos depois, 22 por cento não serão financiadas".

Justificando o mérito da avaliação em curso e o facto de a classificação  de "bom" não ser suficiente para unidades de investigação passarem à segunda  fase, e assim obterem financiamento mais consistente, o ministro argumentou  que "não basta fazer o que se fez" no passado e que as instituições têm  de ser mais competitivas. 

As críticas de que o Governo e o seu ministério, em particular, estão  "a aniquilar" a ciência em Portugal, respondeu que, apesar das "grandes  dificuldades" financeiras, houve "mais dinheiro na ciência portuguesa".

Invocando irregularidades na avaliação - como a falta de visitas às  unidades e de avaliadores com conhecimentos das áreas científicas a analisar  e a definição de uma "quota" de quase 50 por cento de centros a passarem  para a segunda fase, que lhes daria a possibilidade de obterem o grosso  das verbas, sem teto máximo fixado - instituições, e também o Bloco de Esquerda  e o reitor da Universidade de Lisboa pediram a suspensão do processo. 

Nuno Crato entende que se trata de "comentários que não são totalmente  neutros", de pessoas e unidades que sentem que "a avaliação não lhes fez  justiça". 

Lusa

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