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Crato volta hoje ao Parlamento devido a cortes nas bolsas científicas

O ministro da Educação e Ciência regressa hoje ao Parlamento, devido aos cortes nas bolsas de doutoramento e pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), desta vez a pedido do BE, que apresentou um requerimento potestativo.

Há uma semana, Nuno Crato esteve, pelos mesmos motivos, no plenário  do parlamento, no debate da atualidade, a pedido do PS. 

Hoje, o ministro vai ser ouvido na comissão parlamentar de Educação,  Ciência e Cultura, na sequência de um requerimento potestativo do BE sobre  os concursos de atribuição de bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia  e as políticas públicas para a ciência. 

A pedido do BE, o presidente da FCT, Miguel Seabra, foi ouvido, há uma  semana, na mesma comissão, onde justificou a redução de bolsas com a necessidade  de diversificar o apoio à investigação, priorizando, em resposta a orientações  do Governo, os programas de financiamento direcionados para as unidades  e projetos de investigação e empresas. 

Um dia depois, no sábado, em entrevista à rádio Antena 1 e ao jornal  Diário Económico, a secretária de Estado da Ciência afirmou que as bolsas  são um "pseudo-emprego" e que há "excesso de investigadores", uma "bolha  de crescimento insustentável", defendendo que a aposta deve residir na investigação  de qualidade, o que, em seu entender, implica maior seletividade nos concursos  da FCT para atribuição de bolsas. 

Leonor Parreira reconheceu, no entanto, haver poucos investigadores  de carreira e que a ciência faz-se em Portugal à custa de vínculos laborais  precários. 

Há uma semana, a comunidade científica, incluindo bolseiros, saiu à  rua, em Lisboa, em protesto contra o corte nas bolsas de doutoramento e  pós-doutoramento da FCT, acusando o Governo de desinvestimento na ciência.  Tanto o ministro como a secretária de Estado e o presidente da FCT têm refutado  a acusação, invocando o aumento do financiamento da fundação. 

Esta semana, na quarta-feira, os bolseiros voltaram a protestar, desta  vez nas galerias do parlamento, ao voltarem as costas ao hemiciclo, depois  de a maioria PSD/CDS-PP ter reiterado apoio ao atual modelo de financiamento  da ciência. 

De acordo com os resultados divulgados há duas semanas pela FCT, o concurso  de 2013 concedeu menos 900 bolsas individuais de doutoramento e menos 444  bolsas de pós-doutoramento face a 2012. 

Dois membros do júri do painel de avaliação de candidaturas na área  da Sociologia, incluindo a coordenadora, Beatriz Padilla, demitiram-se,  apontado à FCT a alteração das classificações sem dar conhecimento aos avaliadores.

O presidente da FCT, Miguel Seabra, justificou no parlamento, há uma  semana, o procedimento com a necessidade de corrigir atempadamente erros  aritméticos, sob pena de a publicação dos resultados do concurso se atrasar  mais um mês. 

O Sindicato Nacional do Ensino Superior já anunciou que vai recorrer  aos tribunais para "reparar a ilegalidade do processo" de atribuição de  bolsas. 

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