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Quercus instala "estendal" de sacos de plástico na AR contra distribuição gratuita

Os ambientalistas da Quercus vão instalar um  "estendal" em frente à Assembleia da República, alertando os deputados para  o problema ambiental e económico da utilização de sacos de plástico, e propõem  a suspensão gradual da sua oferta nas lojas.  

Para marcar o Dia Internacional sem Sacos, assinalado na quinta-feira,  a associação de defesa do ambiente vai "colocar um estendal em frente da  Assembleia da República (AR) para alertar para o problema do uso excessivo  de sacos descartáveis", disse hoje à agência Lusa Carmen Lima, da Quercus.

"Vamos apresentar a todos os grupos parlamentares da AR um parecer sobre  o uso excessivo dos sacos de plástico e uma proposta para legislar a redução  da distribuição gratuita dos sacos descartáveis no grande e pequeno retalho",  avançou.  

Carmen Lima explicou que esta "não é uma proposta radical e o objetivo  é que no prazo de quatro anos se vá reduzindo gradualmente até a total suspensão  da distribuição gratuita de sacos descartáveis", para que haja adaptação  da parte dos clientes já habituados à oferta nas lojas. 

A Quercus propõe para o grande retalho metas de diminuição da oferta  de sacos e a aplicação de campanhas de sensibilização aos clientes sobre  "os problemas do uso excessivo de sacos descartáveis e a necessidade de  educar e adotar novamente hábitos mais sustentáveis, de optar por sacos  reutilizáveis e trazer sacos de casa". 

As estimativas apontam para que cada português utilize cerca de 466  sacos descartáveis por ano, uma média que desce para 198 no total da Europa.

Um trabalho da Faculdade de Ciências e Tecnologia concluiu que 97% da  poluição marinha corresponde a resíduos de plástico e destes 27% são elementos  que incluem fragmentos de sacos de plástico descartáveis, que permanecem  na natureza até 500 anos e, ao dividir-se em pequenos fragmentos, são confundidos  com alimentos pelos animais que os ingerem. 

"É um problema grave que está a tomar proporções muito elevadas, a  nível ambiental e na economia", pois as zonas costeiras, como as praias,  também registam uma grande contaminação por plástico, o que tem impactos,  por exemplo, no turismo, defendeu Carmen Lima.  

Para a Quercus, as lojas devem decidir as medidas para substituir a  oferta de sacos, do uso de sacos reutilizáveis ou de papel, à instalação  de eco-caixas (que não oferecem sacos) ou a aplicação de uma taxa por cada  saco. 

Na Europa, enquanto a Irlanda suspendeu a distribuição gratuita de sacos,  a França anunciou ir seguir o mesmo caminho, a Itália substituiu os descartáveis  por biodegradáveis, Espanha deixa ao cliente a opção de escolha do material,  em quatro possibilidades. 

O PS e Os Verdes apresentam propostas para reduzir os sacos de plástico  e promover a reutilização, com os socialistas a defender um sistema de desconto  mínimo sobre o preço dos produtos vendidos ao consumidor, não inferior a  0,05 euros (cinco cêntimos), por cada cinco euros de compras, quando o cliente  prescindir dos sacos de plástico gratuitos. 

Os Verdes recomendam ao Governo que defina metas "significativas" para  a redução da utilização de sacos, que não deve ficar abaixo de 80% nos próximos  cinco anos. 

Em meados de abril, o Parlamento Europeu aprovou medidas no sentido  de reduzir, em pelo menos 80%, a utilização de sacos de plástico até 2019.

 

Lusa

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