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Manuel Godinho ouvido para novas medidas de coação da "Face Oculta"

O Ministério Público (MP) vai voltar a interrogar o sucateiro Manuel Godinho, o principal arguido no processo "Face Oculta", para efeitos de aplicação de novas medidas de coação, informou hoje fonte judicial.

(Lusa/ Arquivo)
PAULO NOVAIS

O interrogatório foi agendado para o próximo dia 26, no Tribunal de Ovar. 

A defesa do sucateiro requereu que fossem declaradas extintas todas  as medidas de coação a que o arguido estava sujeito, com exceção do Termo de Identidade e Residência, invocando que "já passou o prazo de validade  dessas medidas, pelo menos em janeiro deste ano". 

"Na sequência deste requerimento, o tribunal ouviu o MP, que requereu que o arguido fosse sujeito a interrogatório, porque pretenderá que sejam impostas novas medidas de coação", disse à Lusa o advogado Artur Marques,  que defende Manuel Godinho. 

A juíza do processo, Raquel Ferreira Neves, terá agora a decisão final.

Artur Marques considera que não há justificação para aplicar ao seu  cliente nenhuma espécie de medidas de coação. "Acho que já chega de medidas de coação. Isto tornou-se tudo num absurdo", afirmou o causídico, adiantando  que o seu cliente continua a respeitar as medidas de coação a que está sujeito.

"Ele está a cumprir as medidas a conselho meu, embora considere que  não está obrigado a fazê-lo. Mas à cautela acho que o deve fazer", referiu o advogado. 

Manuel Godinho, que chegou a estar detido preventivamente, é o único arguido do processo "Face Oculta" que se mantém com medidas de coação. 

Além da prestação de caução no valor de 100 mil euros, o arguido não se pode ausentar da sua área de residência (Esmoriz, Ovar), está proibido de contactar outros arguidos e testemunhas do processo e tem de se apresentar  diariamente às autoridades policiais. 

O processo "Face Oculta" está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro, nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas. 

Entre os 36 arguidos estão personalidades como Armando Vara, antigo ministro e ex-administrador do BCP, José Penedos, ex-presidente da REN,  e o seu filho Paulo Penedos. 

O MP deduziu acusação em outubro de 2010, o julgamento começou em 2011 e a leitura do acórdão foi marcada para 5 de setembro. 

Nas alegações finais, todos os advogados de defesa pediram a absolvição dos arguidos por falta de provas, enquanto o MP pugnou pela condenação de todos os acusados, pedindo penas de prisão efetivas para 16 dos 34 arguidos,  incluindo Armando Vara, José Penedos, Paulo Penedos e Manuel Godinho. 

Lusa

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