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FNE congratula-se com posição da CE contra "tratamento discriminatório" de docentes

A Federação Nacional da Educação congratulou-se  hoje com a posição da Comissão Europeia que exigiu ao Estado português o  fim do "tratamento discriminatório" dos professores contratados, tendo ameaçado  recorrer ao Tribunal europeu.  

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da FNE, João Dias  da Silva, saudou a posição da Comissão Europeia (CE) que hoje instou Portugal  a pôr fim ao "tratamento discriminatório" dos docentes que trabalham com  contratos a termo nas escolas públicas, ameaçando recorrer para o Tribunal  de Justiça da União Europeia caso tal não suceda. 

O executivo comunitário exortou o Estado português a "rever as condições  de emprego dos professores com contrato a termo" depois de ter recebido  "um grande número de queixas", alegando que estes professores "são tratados  de forma menos favorável do que o pessoal efetivo com funções equivalentes".

Dias da Silva reconheceu que algumas dessas queixas partiram da FNE:  "Nós próprios desenvolvemos junto de instâncias internacionais e sabemos  que individualmente muitos professores, que têm sido sucessivamente contratados,  dirigiram às instâncias europeias queixas sobre o efeito negativo da precariedade  e instabilidade", disse à Lusa. 

O sindicalista lembrou que se tratam de "milhares de professores que  têm sido contratados sucessivamente neste país ao arrepio de toda a legislação  que imporia que estas pessoas tivessem direito a uma contratação definitiva  ao quarto contrato sucessivo". 

Além da posição da CE hoje conhecida, a FNE diz que está também "a desenvolver  ações em tribunal para que seja respeitado o direito destas pessoas à contratação  nos termos gerais da legislação nacional". 

Bruxelas lembra que os professores "estão a ser empregados ao abrigo  de contratos de trabalho a termo sucessivos durante muitos anos, o que os  coloca em situação de emprego precário, apesar de exercerem essencialmente  funções de pessoal efetivo" e "o direito nacional não prevê medidas eficazes  com vista a evitar tais abusos". 

"Além disso", sublinha Bruxelas, estes docentes "recebem um salário  inferior ao que é auferido pelo pessoal efetivo com experiência profissional  equivalente", uma situação que, segundo a Comissão, é contrária à diretiva  (lei comunitária) relativa aos contratos de trabalho a termo. 

A notificação hoje enviada para Lisboa constitui o segundo passo de  um processo de infração movido pela Comissão Europeia contra um Estado-membro  e o último antes de um eventual recurso perante o Tribunal de Justiça da  União Europeia, o que, neste caso, adverte Bruxelas, poderá acontecer dentro  de dois meses, se durante este prazo Portugal não notificar a Comissão das  medidas tomadas "para se conformar plenamente com o disposto na diretiva".

A agência Lusa pediu uma reação ao Ministério da Educação e Ciência  sobre esta decisão da Comissão Europeia, mas até ao momento não obteve resposta.

Lusa

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