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Jerónimo de Sousa acusa o Governo de ter um "ódio visceral" à Constituição

 O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa,  acusou hoje o Governo de ter um "ódio visceral" à Constituição e repudiou  o que considera ser a "enorme pressão" e a "chantagem pura" exercidas sobre  o Tribunal Constitucional (TC).  

"Têm a ousadia de vir dizer que não há saída senão mais medidas de austeridade,  com uma enorme pressão sobre o TC. Falam 30 vezes no tribunal, trata-se  de chantagem pura" e há que "repudiar esta intromissão inaceitável", disse.

No fundo, o que acontece, segundo o líder do PCP, que discursava em  Évora, é que o Governo tem um "ódio visceral" à Constituição da República.

"Não é tanto ao TC", mas sim "à Constituição", frisou Jerónimo de Sousa,  explicando esse "ódio visceral" da maioria PSD/CDS-PP com o facto de a lei  fundamental do país continuar "a consagrar a defesa de direitos fundamentais".

A título de exemplo, o líder comunista aludiu a direitos como "não ser  despedido arbitrariamente, ao trabalho, à contratação coletiva, à liberdade  sindical, à saúde e à segurança social, à educação, a fazer greve" ou a  que "o povo lute". 

"Esta é a constituição que eles não gostam e, por isso, esta campanha  de chantagem, de pressão, sobre a Constituição tem a ver com objetivos concretos",  criticou. 

Estas críticas do secretário-geral do PCP foram feitas, ao final da  tarde de hoje, na sessão pública do partido "Basta de roubos e mentiras",  realizada no Palácio D. Manuel, em Évora. 

Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa dedicou especial a atenção às  pressões que, realçou, têm sido exercidas sobre o TC, alertando que é necessário  lutar para defender a Constituição. 

"É evidente que a nossa Constituição", que é "avançada e moderna", disse,  "não se defende a si própria", sendo necessário que esse papel seja exercido  por "forças sociais e políticas". 

Aludindo a uma possível revisão constitucional, Jerónimo de Sousa "apontou  baterias" ao PS, partido cuja "primeira reação foi a de dizer que estaria  disponível para considerar" essa hipótese, desde que esse processo salvaguardasse  "a chamada constituição social". 

"Isto descansa-nos pouco porque o PS, em sucessivas revisões, sempre  dizia que iria resistir à proposta da direita. Ora, nós sabemos que as propostas  da direita, desde 1978, têm sempre um conteúdo", que é o de "pedir tudo  para, depois, conseguir muito". 

E, quanto ao PS, "vai dizendo que resolve ceder alguma coisa para acabar  por ceder muito", comparou o líder comunista, contrapondo com aquela que  disse ser "a melhor" forma de defender a Constituição: Os direitos "defendem-se  exercendo-se". 

"Cabe aos trabalhadores e ao povo lutar pelos seus direitos" e, assim,  "defender a Constituição da República Portuguesa", incentivou. 

Lusa    

 

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