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Paulo Portas apresenta hoje guião da reforma do Estado

O vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, vai apresentar hoje o guião da reforma do Estado, foi anunciado na terça-feira pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

(Lusa/Arquivo)
JOAO RELVAS

No encerramento das jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS-PP,  Pedro Passos Coelho desafiou o PS a dar um contributo positivo para esse  processo e sublinhou que a "proposta e a visão" dos socialistas à reforma  do Estado é "indispensável por transparência democrática". 

Na terça-feira, Passos Coelho reiterou a ideia segundo a qual a reforma  do Estado não começa com a apresentação do documento pelo vice' do Governo  e líder do CDS-PP, Paulo Portas, mas que foi iniciada quando o executivo  tomou posse, com a concretização de reformas em diversas áreas. 

O debate político sobre a redução estrutural da despesa através de uma  revisão das funções do Estado ganhou visibilidade há cerca de um ano, precisamente  nas primeiras jornadas parlamentares conjuntas PSD/CDS-PP. 

Nessas jornadas, primeiro foi Paulo Portas, então ministro de Estado  e dos Negócios Estrangeiros, a defender que se deveriam convocar os partidos  e as instituições do "arco da governabilidade" para um "esforço especial  de consenso e coesão" para a redução da despesa estrutural. 

Na mesma ocasião, o então ministro de Estado e das Finanças Vítor Gaspar  sugeriu um debate nacional "mobilizador e verdadeiro" sobre a redução da  despesa em 4 mil milhões de euros a realizar até 2014 e sobre as funções  do Estado, que na sua opinião, teriam de ser adequadas ao que "a sociedade  portuguesa e o sistema político português são capazes de, de forma sustentável,  financiar". 

Foi a fechar essas jornadas que Pedro Passos Coelho afirmou que até  2014 se iria realizar uma reforma do Estado que constituiria "uma refundação  do memorando de entendimento", defendendo já então que o PS deveria estar  comprometido com esse processo. 

Seguiu-se um convite formal do primeiro-ministro ao secretário-geral  do PS para que participasse nesse debate da reavaliação das funções Estado,  reunião concretizada a 05 de novembro, mas que terminou sem acordo, uma  vez que António José Seguro recusou um debate que tivesse por premissa um  corte de 4 mil milhões de euros nas funções do Estado. 

No parlamento, surgiram iniciativas quer do PS quer da maioria para  debater a reforma do Estado, mas que também não foram por diante.  

PSD e CDS-PP chegaram a aprovar em plenário uma comissão eventual para  debater a reforma do Estado, à qual a presidente da Assembleia da República,  Assunção Esteves, se recusou dar posse, depois de toda a oposição ter dito  que não iria participar. 

Numa entrevista à TVI, em novembro do ano passado, Passos Coelho precisou  que pretendia estender o debate sobre a reforma do Estado até ao verão e  dispôs-se a substituir as medidas que o Governo apresentaria à 'troika'  em fevereiro deste ano, se surgissem alternativas melhores. 

"O debate sobre a reforma do Estado não acaba nestes 4 mil milhões nem  acaba em fevereiro", reforçou, defendendo que esta reforma teria de rever  as despesas com pensões, saúde e educação. 

Foi em fevereiro, durante um debate sobre coesão nacional, no Porto,  que o primeiro-ministro anunciou a criação de um guião para a discussão  da reforma do Estado, a ser apresentado "muito proximamente" por Paulo Portas  e no qual constariam não só as poupanças que o Governo espera atingir "mas  tudo o que está para além das poupanças". 

No final de maio, foi Portas a anunciar que o documento seria apresentado  em junho, mês em que viria a precipitar-se uma crise política com a demissão  de Vítor Gaspar e do próprio Paulo Portas, que acabou por não deixar o Governo  e subiu a número dois do executivo e vice-primeiro-ministro, mantendo-se  com a tutela sobre a reforma do Estado. 

A forma e a hora a que o documento será hoje apresentado ainda não foram  divulgadas.

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