Em Portugal, os 2.700 lesados representados pela Deco reclamam por um montante que ascende aos 62 milhões de euros.
Segundo o jornal, a Audiência Nacional rejeitou os primeiros de 570 recursos que afectam 200 cidadãos espanhóis prejudicados pela alegada fraude que consistia na venda de produtos a preços muito acima do valor do mercado e que prometiam retornos muito elevados.
Embora nenhum dos portugueses lesados tenha apresentado recurso no tribunal espanhol, caso este decidisse a favor dos queixosos, todos os afectados viriam a receber a indemnização.
Além do caso Afinsa, o tribunal espanhol teve a mesma decisão para a alegada fraude no Fórum Filatélico, em que os lesados reclamavam 2,8 mil milhões de euros.
Os lesados acusam o Estado de negligência no controle e na supervisão de ambas as empresas, mas de acordo com o El País, estas competências "apenas se considerariam caso o Fórum ou a Afinsa fizessem verdadeira operações financeiras de activo ou passivo" com os seus clientes, o que é rejeitado pelo tribunal.
A instituição descarta ainda qualquer responsabilidade patrimonial pela actuação da inspecção tributária espanhola, por ausência de inspecções ou demora na comunicação ao fisco das actividades de verificação iniciadas em 2003.
O tribunal recusa também que as sociedades tenham actuado como bancos de poupanças e concluiu que os contratos subscritos pelos clientes estavam sujeitos à Lei Geral dos Consumidores.
Considerada a maior empresa filatélica do mundo, a Afinsa, fundada pelo português Albertino de Figueiredo (que aguarda julgamento em prisão domiciliária), viu congelada a sua actividade juntamente com o Fórum Filatélico na sequência de uma mega operação policial em 2006.
Os responsáveis pela Afinsa e pelo Fórum Filatélico são acusados pelas autoridades espanholas de burla, branqueamento de capitais, insolvência punível e administração desleal, e falsificação de selos.
Em Portugal, no ano passado, no âmbito deste caso, o Tribunal de São João Novo condenou Vasco Lourinho, antigo correspondente da RTP em Madrid, a uma pena suspensa de dois anos de prisão por se ter apropriado indevidamente de mais de 19 mil euros pertencentes à empresa Afinsa.
A Audiência Nacional é um tribunal de excepção, com sede em Madrid, que assume responsabilidade em matéria penal de delitos contra a Coroa ou membros do Governo, crime organizado e terrorismo, narcotráfico e delitos cometidos fora de Espanha.
A partir daqui, só poderão recorrer desta decisão ao Supremo Tribunal os lesados que reclamem quantias superiores a 150 mil euros.
Lusa